Educar, na Escola Terra Firme, é uma prática que envolve a integralidade de uma formação humanizada. Está estruturada com base em estratégias pedagógicas que incluem, nos seus diversos níveis, a maturação corporal e o desenvolvimento da cognição, com autonomia para pensar e repensar os conhecimentos adquiridos. A proposta é fornecer bases seguras para o crescimento integral de cada aluno e aluna, com incentivo ao autoconhecimento, ao fortalecimento dos vínculos e ao desenvolvimento de uma comunicação efetiva consigo mesmo e com o outro.
Como parte dessa proposta, estão sendo implantados, on-line, os Círculos Afetivos, com a coordenação da orientadora pedagógica Ana Carolina Brofman. “É uma ferramenta milenar, utilizada pelos nossos antepassados no sentido de abrir espaço para uma escuta ativa e uma fala consciente. Um lugar onde todos somos protagonistas e podemos nos expressar livre de julgamentos”, explica Ana, que tem vasta experiência com práticas de cunho relacional, com base na psicomotricidade relacional, psicopedagogia, técnicas de gestão, meditação e Yoga.
Experiência gratificante
Para a implantação dos Círculos Afetivos, a Terra Firme contou com o prestimoso auxílio da mestre em Educação Jane Cleide Hir, que desde 2017 utiliza com sucesso a ferramenta que inspirou os Círculos Afetivos da Terra Firme, os chamados “Círculos Restaurativos”. Ela define os Círculos como “Uma conversa de coração para coração” na qual os seus participantes falam, são ouvidos e ouvem, e elogia a iniciativa da escola. “Conhecer a Escola Terra Firme e a sua proposta de uma educação mais integral e humanizada foi uma experiência gratificante para mim, visto que, como educadora, defendo esses mesmos ideais. Foi interessante me reconhecer no discurso da orientadora pedagógica e, mais ainda, identificar nos alunos a bagagem construída por essa proposta”.
“Esse brilho que a Terra Firme ensina não tem preço”
Deborah Salviano, mãe de Benjamin Salviano, do 8º ano, vê com satisfação a prática dos Círculos Afetivos e avalia os seus efeitos como muito positivos. “O importante é aprender a ser um ser pensante, que sabe agir e reagir conforme as situações aparecem. Sem esquecer do amor e respeito ao próximo”. Segundo ela, em uma realidade tão competitiva como a que vivemos, a Terra Firme incentiva os jovens a não terem medo de aprender e buscar o novo, tendo como base a segurança emocional. “A segurança que é ensinada desde que se é pequeno, é um brilho que não se apaga, porque o ser é convicto da sua importância, do seu conhecimento, e da necessidade de aprender coisas novas. Esse brilho que a Terra Firme ensina não tem preço”.
Deborah conta que teve más experiências com outras escolas no passado, mas que ficaram para trás. “Nosso sentimento quando conhecemos a Terra Firme foi de libertação. Tirei um peso das nossas vidas e o substituí pela certeza de que veria meus filhos felizes novamente”.
De volta à essência
Problema semelhante ao de Benjamin foi vivido por Esteban Weigel, do 7º ano. Sua mãe, Rebeca Weigel, diz que ele veio de uma experiência pedagógica negativa, na qual não havia diálogo, sem formas de expressão possível entre estudantes, professores e orientadores. “Ele estava assustado, inseguro e agressivo. Foi nesse contexto que ele chegou à Terra Firme, há pouco mais de um ano. Naquela época era inimaginável que ele viria ser mediador para solucionar um conflito entre colegas. Em 14 meses, sendo que foram apenas 6 meses de aula presencial, a Escola Terra Firme trouxe o Esteban de volta à sua essência, ele voltou a ser criativo, alegre e confiante”.
O conflito citado por Rebeca, aconteceu entre dois colegas da turma de Esteban. A partir do espaço de manifestação propiciado pelo Círculo Afetivo, ele e Mauricio Burmester do Amaral Santos, seu colega e amigo, pediram ajuda à orientadora pedagógica Ana Carolina para mediar uma solução para o conflito, o que foi feito e gerou resultados imediatos, merecendo ainda a atenção e a empatia de outros membros da turma.
“Para a cabeça ficar melhor”
Esteban deixa claro que gosta da proposta dos Círculos Afetivos, entende que ajuda a conhecer melhor os colegas e acredita que melhora a convivência da turma, principalmente neste momento de aulas online. “As aulas têm sido bem dadas e tem esse apoio emocional que ajuda a entender o outro. Às vezes a pessoa não se sente segura para conversar, mas a escola é um lugar seguro para conversar com confiança e essa atenção que tem sido dada aos alunos é para isso, para ajudar a entender o outro, para que se abram, para a cabeça ficar melhor”, afirma.
Mesmo longe, a escola está perto
Maurício também avalia como bastante positiva a vivência que tem nos Círculos, principalmente neste momento de isolamento social por conta da pandemia de Covid-19. “Acho isso bem legal, é o diferencial da nossa escola, o que a faz ser do jeito que é, boa e legal”. Sonia Burmester Amaral, sua mãe, elogia a sensibilidade da equipe pedagógica da Terra Firme e percebe o filho forte, compreendendo a situação em que vivem, parceiro. “Maurício está na pré-adolescência e é preciso que eu tenha paciência. Temos nossas discussões, afinal ele está crescendo e argumentando sobre o que entende como bom e saudável. Estamos dando o nosso jeito, mas com certeza a forma como a Terra Firme conduz a sua relação conosco ajuda muito, pois mesmo estando longe sentimos a escola perto”.