Foi um sábado ensolarado e muito agradável para as famílias que foram até à Terra Firme participar da confraternização. Com atividades diversas, houve tempo e espaço para refletir sobre a importância de projetos desenvolvidos pela escola – como o da horta e o das “Colmeias Urbanas” – para a formação de alunos e alunas como seres humanos.

A vida tem seus ciclos. São diversos, mas aquele que parece estar presente em todos os momentos é o que chamamos de natural. Ele parece agir como um maestro, muitas vezes oculto, outras nem tanto, que rege todos os outros ciclos e, desse modo, também a vida. Por conta disso, na Terra Firme, alunos e alunas têm espaço e incentivo para conhecer como se dão as transformações naturais, da semente ao fruto, da hora de plantar ao momento de colher. Essa concepção pedagógica foi bem demonstrada na Confraternização das Famílias ocorrida no dia 17 de março e se fundamenta na compreensão de que a criança constrói a própria narrativa para compreender a si própria dentro do mundo e seus ciclos, incluindo o da natureza que inspira e comanda as transformações.

Na confraternização houve muitas atrações. O grupo “Tribus Capoeira” se apresentou, com a participação dos alunos da Terra, Cauê Menandro e Carlito Birolli brindaram os presentes com um show da melhor qualidade e houve apresentação dos batuqueiros, pintura, futebol e xadrez, além dos sanduíches, bolos e sucos do nono ano, que arrecada recursos para a formatura. No fundo da escola, quem pintou as mãos deixou-as gravadas no muro, em um gesto simbólico para a comemoração dos 30 anos da escola, que acontece neste ano. Já na horta, estava exposta a colmeia adotada pela escola no projeto “Colmeias Urbanas”, do curso de Design da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A colmeia atraiu muitas crianças, pais e mães que aproveitaram para florir a horta, para que as abelhas – que são da espécie jataí e não possuem ferrão – possam obter pólen e gerar o mel e a cera com a qual vão “decorando” o interior da colmeia. Todos adoraram a experiência, pois puderam vivenciar a proposta de acompanhamento e estudo da vida natural, fundamental para a formação do ser humano, com a qual a escola trabalha. Os alunos do 1º e do 3º ano já estão, inclusive, desenvolvendo seus projetos com base na observação e convívio com as abelhas.

Aprendendo sobre os ciclos da vida

Eduardo Neves, pai de três alunos Terra Firme – Rafael, Felipe e Vitor – foi um dos mais entusiasmados com o que viu e viveu na Confraternização das Famílias. Ele define o projeto Colmeia como muito importante para o desenvolvimento das crianças e afirma que iniciativas como essa são comuns na escola, por conta de uma filosofia pedagógica que promove a convivência e aproxima alunas e alunos da realidade mais profunda da vida. “Tudo é ciclo na natureza e também entre nós, seres humanos, que estamos ligados intimamente à natureza. Gosto da Terra Firme porque a escola prepara as crianças para a vida, em seu sentido mais amplo, mostra a elas os ciclos e ensina que precisamos respeitá-los e aprender a conviver com eles”, diz.

Segundo Eduardo, há uma diferença fundamental entre a Terra e outras escolas que conheceu. Para ele, a criança constrói a própria narrativa sem a angústia constante de estar sendo testada para ser algo que muitas vezes não tem nada a ver com o que ela própria pretender ser. “Há escolas que somente treinam os alunos, querem prepará-los para serem líderes, para serem protagonistas, como se isso fosse possível o tempo todo. A Terra permite que a criança seja protagonista, mas também parte do processo, acompanhando a evolução de outros protagonistas que se alternam, na sala de aula, na natureza e na vida. É uma escola antenada com a nossa realidade, que cada vez mais exige a cooperação, inclusive nas empresas. E, mais importante, a Terra não incentiva os alunos a se darem bem na vida, mas a estar de bem com a vida”, afirma.

De bem com a vida: Julia e Henrique, com suas filhas Olivia e Helena (no colo). Julia foi aluna da Terra e Olívia está no Jardim 3.

O que importa

Helena El Horr, irmã mais velha da Sofia El Horr, que está no 1º ano da Terra, pensa de forma semelhante. “Aqui é valorizado aquilo que importa na vida, o incentivo à arte, as amizades, o aprender a estudar, a construir uma consciência comunitária, prezando o bem comum”, explica. Ela admira a liberdade que as crianças têm para se desenvolver e comemora o fato da Terra Firme não estimular o consumo irresponsável e aproximar alunos e alunas da natureza e seus ciclos. “Muitos professores e professoras da Terra me deram aula, conheço pais, mães e colegas que vieram para cá, eu acho maravilhosa a estratégia de ensino/aprendizagem da escola”.

Jaqueline Cuin é mãe de Isabella e de Ana Beatriz, alunas da Terra no 8º e 9º ano, respectivamente. Ela também chegou à escola por indicação de amigos e não se arrepende da escolha. “Aqui, há uma proposta de incluir como modo de vida, de tratar bem ao outro, de conviver e transformar, criando seres humanos melhores e isso é um dos maiores estímulos para o estudo, pois todo esse convívio se reflete positivamente no pedagógico”, diz.

Texto: Luiz Geremias
Arte gráfica: Adriano de Faria
Fotos: Gilson Camargo
Vídeo: Carmynha Santos

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