Eixo Temático 2024 

Na Escola Terra Firme, o início do ano letivo não é apenas marcado pelo retorno às salas de aula, mas também por um evento que moldará todo o ano educativo de 2024. Trata-se da reunião de construção do Eixo Temático, uma referência fundamental para todas as atividades educativas ao longo do ano. O encontro reuniu a equipe pedagógica da escola e foi coordenado pela psicopedagoga Laura Monte Serrat.

A reunião começou com reflexões acerca do que cada educador e educadora valoriza no cotidiano e as falas foram inspiradoras, destacando elementos simples e fundamentais da vida diária. Pensamentos foram compartilhados, destacando a importância de valorizar os pequenos momentos e valores que muitas vezes passam despercebidos no dia a dia. Uma lista de palavras-chave foi elaborada, incluindo acolhimento, respeito, parceria, escuta e presença.

Não faltaram reflexões sobre a história do ser humano na Terra, a tecnologia ancestral e a tecnologia de hoje, a forma de usar os recursos construídos ao longo da história cultural e a ética neste uso, resgatando valores vividos na história de 35 anos da Escola Terra Firme. Assim, o Eixo Temático foi tomando forma e corpo, sendo “A Arte do Tempo” o escolhido pelos presentes.

Esse Eixo propõe trabalhar com distintas temáticas nos diferentes níveis de ensino, envolvendo temas fundamentais no cotidiano escolar, na sociedade e no momento histórico em que a escola está inserida. Considera o tempo e suas relações com a Arte, a Cultura e a Educação, realçando nesse processo o respeito por si mesmo e pelo outro e a capacidade de ouvir/escutar, ver/olhar e acolher, prezando e cuidando do bem comum e de cada individualidade no tempo exato em que estamos inseridos. Afinal, como definiu a coordenadora do encontro, “A Arte do Tempo é agora!”.

Eixo Temático 2023

Durante a Semana Pedagógica, o corpo docente da Escola Terra Firme se reuniu para construir o Eixo Temático, que será a referência dos projetos de pesquisa e aprendizado desenvolvidos durante o ano de 2023.

O ponto de partida foi a ideia de renovação e as palavras “ação”, “movimento” e “transformação” foram lembradas. O grupo compreendeu que, por meio das individualidades, estava falando da coletividade, da percepção de que cada pessoa faz parte de uma corrente e que a construção de uma realidade melhor só acontece com a ação coletiva, visando o todo, em uma escola aberta para o mundo.

Nesse contexto, entrou em pauta o tema da experiência como fator fundamental para que as aprendizagens tenham sentido. E, desse modo, a palavra, “sentido”, foi abordada em alguns de seus significados: experimentar o mundo por meio dos sentidos, pela experiência que atravessa aqueles que aprendem e fica gravada na memória individual e coletiva… porque faz sentido!

A conclusão foi que viver faz sentido e o mundo vivido é o mundo sentido. Assim, essa ideia de viver, de sentir, de partir da experiência para buscar e fazer sentido foi sintetizada no Eixo Temático SENTIR FAZ SENTIDO.

Eixo Temático 2022

O Eixo Temático é o ponto de referência dos projetos de pesquisa e aprendizado. Após amplo e aprofundado debate, foi definido pela equipe pedagógica, com a coordenação de Laura Montserrat, o eixo que norteará o trabalho durante este ano letivo.

Em 2022, o eixo, Cada Um e Todos Nós, reafirma que cada um é importante, sem perder de vista o todo. O crescimento pessoal tem íntima relação com o coletivo, pois as pessoas se constituem e se desenvolvem interagindo. O compartilhamento de novos conhecimentos e saberes amadurece a prática cognitiva do “aprender a aprender”, fortalece os vínculos e prepara para novos desafios.

Professores e professoras, alunos e alunas, com suas singularidades e autonomia, contribuem com o grupo e contam com ele, para crescerem e se desenvolverem. Cada um busca a superação, para que o outro também se supere.

Assim é a Escola Terra Firme. Formação integral, com os talentos individuais conectados ao bem comum. O eixo “Cada um e todos nós” é a expressão disso.

Eixo Temático 2021

No início de fevereiro, a equipe pedagógica da Terra Firme se reuniu para pensar o Eixo Temático em torno do qual se desenvolverá o processo educativo da escola em 2021. Essa atividade é integrada à Semana Pedagógica e realizada todos os anos, com a mediação da psicopedagoga Laura Monte Serrat.

O grupo refletiu sobre as adaptações, na prática de ensino e na vida pessoal, que todos tiveram que fazer em 2020. Debateu-se acerca do quanto a pandemia de Covid-19, com seus procedimentos de segurança, mudou a direção do olhar, do fazer e do pensar, interferiu diretamente nos relacionamentos, e motivou uma virada nas formas e maneiras de comunicação. Desde então, foi necessário o distanciamento físico, evitar contatos, toques. “Antes evitávamos os eletrônicos, privilegiávamos o contato, o toque, o abraço… E agora? Precisamos evitar o abraço, o acolhimento físico e precisamos, em vez de nos aproximar, distanciar-nos”, resumiu a mediadora.

Foram muitas mudanças, que, no entanto, não abateram as professoras e professores. Na nova realidade, se revisitaram em seus espaços internos e externos; fizeram adequações nos ambientes, nas estratégias pedagógicas, bem como pesquisaram e aprenderam sobre os recursos tecnológicos disponíveis.

A equipe entendeu que, em 2021, se abre o tempo de reencontro com a escola, de reambientação, de cuidado com as relações; tempo de reconstrução, de invenção e de inovação. No debate, refletiu-se sobre os cuidados necessários com o ambiente micro e macro, nas dificuldades, bem como no enfrentamento e na força desenvolvida diante delas, abrindo oportunidades de descobrir outras belezas, novidades e levezas.

Os temas “raízes”, “laços”, “entrelaçamentos” e “ramificações” foram debatidos e discutidas as conexões possíveis, os diferentes rumos nascidos do contato com o novo. Professoras e professores refletiram sobre a firmeza e a segurança das raízes, bem como sobre o entrelaçar dos ramos, sempre trazendo novidades. No entanto, com base na ideia de que são infinitas as possibilidades e caminhos para lidar com o que está por vir, surgiu no próprio grupo a ideia de ir além do já conhecido e do vivido, com leveza. E, desse modo, surgiu o Eixo Temático “ASAS”.

“Asas para acolher, asas para voar, asas para imaginar, asas para planar, asas para pousar, para encontrar. Asas que transitam entre céu e terra. Asas para aprender!”, definiu Laura, traduzindo o sentimento do grupo.

Eixo Temático 2020

O corpo docente da Escola Terra Firme, da Educação Infantil ao 9º ano, reuniu-se no dia 05/02/2020 para construir o Eixo Temático que balizará a sua ação educativa do corrente ano. Partiu-se de uma mensagem de Sandra Cornelsen pedindo para que conversássemos sobre sanção e transgressão com a intenção de inovar, transformar e repensar a lida com os limites, regras; a escuta do adulto e a forma de chegar até o aluno para estabelecer bordas. Bordas que priorizem o respeito e as conexões entre a escola e seus alunos, seus professores e professoras, coordenadoras, pais e mães.

O grupo de docentes iniciou os trabalhos revisitando o ano que passou, identificando falhas e acertos, fazendo relações com seus conhecimentos filosóficos e científicos para análise das situações e busca de atualizações, transformações e inovações nas relações que envolvem o processo educativo.

Pensou em buscar sentido, fazer sentido, passar pelos sentidos, sensações e sentimentos. Afinal, humanos são seres inteiros, no entanto acostumados a serem divididos, fatiados, classificados… Como seres inteiros vivem contradições: dentro/fora, frio/quente, realidade/virtualidade, positivo/negativo, barulho/silêncio, obediente/transgressor, todo/parte e outros. E assim, o grupo chegou à ideia de que estamos vivendo um momento em que nos colocamos em uma determinada posição e acreditamos ter razão. Além disto, para dificultar as relações, julgamos aqueles que veem o mundo de outro ângulo. Educar, no entanto não requer julgamento e sim acreditar que todos podem aprender, se modificar, ir além do já conseguido…

Assim, a observação, a escuta, o olhar, o diálogo e o respeito passaram a ser o foco da conversa. Falou-se de uma escuta atenta, de questionamentos autênticos, perguntas que pedem uma resposta a ser ouvida, dialogada… Uma relação entre quem ensina e quem aprende que ofereça espaço para a dúvida, para a confiança, para a autonomia, para firmeza e a segurança que ensinar e aprender requerem. Estar junto, fazer-se na relação com o outro; estabelecer uma comunicação na qual o adulto diga: Estou aqui!

É preciso muito mais do que aprender conteúdos! É preciso, também a proximidade, o encontro de olhares, de ideias, de almas, de ações; é preciso a cumplicidade para que aprender seja possível; é preciso compromisso de professores, professoras, alunas e alunos; é preciso contato, no entanto um contato respeitoso. Eixo Temático para o ano de 2020: CONTATO COM TATO!

Eixo Temático 2019

O Eixo Temático é o grande tema em torno do qual orbitarão os projetos de aprender e de construção do conhecimento da Escola Terra Firme em 2019. Construído pela equipe docente da escola, se inicia com cada participante trazendo o que viveu, pensou e refletiu no período de férias. Num verdadeiro lapidar de ideias, o grupo chega a um tema de consenso, aberto o suficiente para abrigar diferentes possibilidades de aprendizagem, ao mesmo tempo em que indica a ocupação principal da escola em um determinado ano escolar.

O grupo chegou com ideias e sentimentos que revelavam, no início da reunião, um ano de 2018 difícil em nível mundial e nacional, de muitas discussões, de muito exercício de empatia, de muito esforço para lidar com as diferenças de concepções, pensamentos e escolhas. Trouxe inicialmente a vontade de que este ano de 2019 fosse um ano de aprendizado, aperfeiçoamento e evolução, ao mesmo tempo em que pudesse ser leve, harmonioso, capaz de possibilitar novas conexões e reconexões conosco mesmos, com as pessoas à nossa volta e com os conhecimentos.

A partir desta ideia inicial, que foi enriquecida pela necessidade de irmos além do que está posto, foram destacadas ações necessárias, tais como: inventar, inspirar-se, criar, transportar, transformar, transbordar, reiniciar, construir, descobrir, reciclar, ou seja, mover-se em direção… Ousar. Neste sentido, o grupo falou da necessidade de mais perguntas e menos afirmações para promover conexões com o desejo de saber, de pesquisar, de compreender o outro, de observar e escutar aquele que foi inquirido. O que te move? O que porta em si? O que transporta neste caminho? Para quem abrirás portas? Para quem servirás de porto?

Brincando com a palavra “transportar” o grupo chegou a conceitos de portabilidade, de trânsito, de diálogo entre o que portamos e o outro porta; sobre a possibilidade de transformação que surge deste diálogo e do transbordamento destas ideias para além da sala de aula, da escola e da comunidade próxima. Conexões variadas inspiram a ideia de pontes que podem ser físicas, mentais e afetivas. Pontes são construídas de diversas formas, conectam, possibilitam o transporte em várias direções. Pontes permitem que a ilha possa manter uma comunicação com outros espaços, outros tempos, outros saberes. Diante da ideia de ir além do que sabemos, de criarmos conexões no plano físico, mental e relacional nasceu o Eixo Temático 2019 da Escola Terra Firme: PONTES

Eixo Temático 2018

Professoras e professores, coordenadoras, responsáveis pela comunicação, todos coordenados por Laura Monte Serrat, participaram de uma grande roda para definir o eixo em torno do qual orbitarão os Projetos de Aprender da Escola Terra firme neste novo ano. Desta vez, uma ideia mais ampla sobre humanização e uma pergunta para aquecer os motores: ‘O que, neste intervalo de tempo, entre o final do ano passado e o dia de hoje, chamou atenção no comportamento das pessoas com as quais nos encontramos no dia a dia?”

E a conversa começou com relatos de situações que remetiam a questões negativas: falta de leveza nas relações, hipocrisia, falta de tolerância, dificuldade em se colocar no lugar do outro, pouco equilíbrio entre os excessos e as faltas, dificuldades com o toque, comportamentos mecanizados e outros. Conversa vai, conversa vem, concordâncias e discordâncias, e alguém diz: “A sociedade está doente… Não é possível negar isso!”

E, se não é possível negar, o que é possível fazer? Logo iniciam relatos de vivências que remetem à simplicidade, à gentileza, à percepção do outro, à humildade, à humanidade, à esperança, ao amor, à escolha para ter um dia melhor, ao autoconhecimento, ao reconhecimento de que muitas vezes nos preocupamos mais conosco do que com o bem comum.

E a conversa gira, o grupo se dá conta que registramos com mais facilidade o negativo do que o positivo e conclui que o positivo e negativo fazem parte de uma unidade e de que é preciso que tomemos consciência das nossas possibilidades para podermos emanar positividade. Ao vermos somente o negativo, nossa fala, nosso gesto e nossa expressão ressoarão o negativo, ao passo que, se sem negar os aspectos negativos das situações, pudermos acreditar, confiar, dar segurança, contribuir para que o outro busque sua segurança, o que ressoará serão possibilidades de crescer ou de lidar com o que limita o crescimento.

Surge então a palavra “Ressonâncias”, pensando que as pessoas emanam o que vivem, o que sentem, o que fazem – em ondas que caminham desde um pequeno círculo, ampliando a vivência numa sequência de círculos que aumentam. Remete-se, também, à ressonância magnética que por meio de ondas pode aprofundar o conhecimento de um determinado órgão. Pensou-se, metaforicamente, que ressonância possibilita um movimento de ampliar e aprofundar saberes, relações, condutas, ideias, sentimentos…

No dia a dia podemos fazer ressoar a gentileza, a leveza, a esperança, a beleza da vida, a segurança, harmonia, uma possibilidade infinda de caminhos e podemos também aprender a filtrar e a transformar o negativo que, num processo também de ressonância, chega até nós.

“Ressonâncias” foi a ideia mais votada de tantas outras que foram trazidas. Mas, como fazer com que as crianças pequenas entendam o sentido desta palavra? A partir de alguns questionamentos de Sandra Cornelsen o grupo discutiu a possibilidade de substituir a palavra, mantendo a mesma ideia, e chegou-se à palavra ECO, ECO(S), ECOS. Eco é ressonância, remete também à ecologia e à possibilidade de tomarmos consciência de que nossos gestos, falas, ideias, sentimentos reverberam, ecoam e atingem pessoas que a gente nem sempre conhece. É possível ecoar do indivíduo para o coletivo e vice-versa.

Importante que o que vivemos na Terra Firme ecoe dentro de cada um, nas nossas relações e, também para além dos muros da escola. Importante que o que se passa no mundo também possa ecoar dentro da escola para podermos discutir, transformar, nos colocar no lugar do outro, compreender, sugerir, fazer!

Então, fomos nos aproximando e chegamos ao eixo de 2018: ECOS DA TERRA. E, assim, poderemos falar dos ecos da Escola Terra Firme, que completa 30 anos de existência; dos ecos da Terra como Planeta; dos ecos da terra solo que ecoam transformando sementes; dos ecos dos habitantes da Terra e suas condutas; ecos das diferenças culturais acolhidas por esta nossa Terra e muitas outras ideias que surgirão na realização dos projetos junto aos alunos e seus pais.

Iniciaremos 2018 nos organizando para aprender a partir dos ECOS DA TERRA!

Eixo temático 2017

Pensamos que o eixo temático de 2017 deveria partir da preocupação com um mundo onde falta ética, memória, consciência crítica, respeito, delicadeza, sensibilidade, filosofia… e nos propomos a pensar o Humano como princípio e a Arte como forma de expressão.

A discussão partiu da Ética e Estética e suas conexões com o conhecer-se (eu) e com o conhecer o outro (ele/ela); provocando um diálogo entre os opostos que podem resultar em sínteses variadas (nós).

A diferença que encontramos no outro pode servir como um espelho a partir do qual cada pessoa mergulha dentro de si e faz suas escolhas.

A criança olha para si no olho da mãe; nosso olho é um espelho; o outro me constrói; os outros me constroem! A aprendizagem social é como um jogo de espelhos nos quais todos refletem e são refletidos e buscam fazer parte de uma dança na qual o ‘nós’ é importante sem perder de vista o ‘eu’.

A diferença, nas nossas vidas, é complementar e, assim como as pessoas são diferentes, os espelhos também são diferentes e refletem de forma distinta o que vemos de cada um de nós.

Há espelhos que nos deixam mais elegantes, há outros que nos arredondam, há aqueles que diante de outro espelho refletem indefinidamente a mesma imagem… Há jogos de espelhos que fazem com que as imagens se desconstruam, outros deformam… Deslocamo-nos de nós em direção ao outro e acabamos nos vendo no olhar do outro, ao mesmo tempo em que o refletimos em nosso olhar.

Viver, viver com, conviver, requer esse jogo de olhares regados pelo respeito, por princípios comuns que nos lançam em um caminho do qual partimos do particular para o social, da vida privada para a vida pública, do singular para o plural, do uno para o coletivo e vice versa. Neste sentido, não é um caminho linear, mas um caminho no qual ‘ser’ e ‘sermos’ dialogam o tempo todo.

Ninguém é sozinho neste mundo, somos através do espelho, no qual entramos, criamos, recriamos e co-criamos a nossa condição de ser humano e de viver com seres humanos, conectando respeito, gentileza, sensibilidade, percepção, movimento, delicadeza e formando uma consciência crítica voltada para a construção de um mundo melhor e mais justo. Um mundo no qual aprendamos a julgar menos o outro e construir dentro de nós a firmeza, a flexibilidade, a capacidade de deslocamento, a lucidez e a capacidade de nos posicionar visando o bem estar de todos.

Um exercício para todos nós, participantes da comunidade da Escola Terra Firme.

Eixo temático 2016

Como acontece todos os anos, o grupo de profissionais da Escola Terra Firme reuniu-se, no dia primeiro de fevereiro, para construir o Eixo que será referência para os projetos, pesquisas e estudos em 2016.

Inicialmente, a diretora da Escola, Sandra Cornelsen, expôs ao grupo o tema disparador para a construção do Eixo Temático. Ela ressaltou a necessidade de todos, como equipe, aperfeiçoarem a tolerância, a capacidade de acolhimento e a cooperação. Dessa forma, propôs revisitar o tema da “Não Exclusão”, tão valorizado e discutido na história da escola. Na sequência, Sandra trouxe mais um conceito norteador: a Arte como caminho, como ferramenta, como objetivo.

Na parte da manhã e durante toda a tarde, o grupo, sem ver o tempo passar, levantou e debateu ideias a partir desses elementos. Discutiu a diferença entre tolerar e aceitar; falou de empatia, alteridade e respeito e compreendeu que, na relação com o outro, é preciso conhecer, conhecer-se e fazer escolhas, além de aperfeiçoar a capacidade de lidar com as diferenças para as quais não estamos disponíveis no primeiro momento.

Para acolher, é preciso também criar uma linguagem comum, reconhecer os limites e colocar limites estruturantes, que fazem parte do todo escolar, mantendo uma unidade. É preciso olhar, escutar o outro, ser olhado, ouvido, deixar marcas significativas e deixar-se marcar na relação; tocar e ser tocado não apenas fisicamente, mas afetivamente e cognitivamente, com reciprocidade.

No percurso da discussão, foram abordadas temáticas como o viver experiências autênticas, respeitar a diversidade de possibilidades em cada uma delas, aprofundar, provocar o pensamento e a reflexão. Formalizaram-se perspectivas de abrir janelas para flexionar o já conhecido, deixar-se penetrar pelo saber, fazer e sentir do outro e vice-versa, criar canais de acesso para a relação e para o conhecimento.

O grupo compreendeu a importância de viver o tempo, dar tempo, dar-se tempo, pedir tempo para que seja possível não se contentar com os currículos já instituídos, mas ir além, fazer a diferença como instituição escolar, continuar o processo de identidade que está sempre em movimento como um processo de metamorfose.

A participação na construção do eixo foi empolgante e todos deram contribuições elucidadoras. Os professores de música, por exemplo, contaram que existe, entre dois tempos fortes de uma composição musical, o “contratempo”, que pode ser entendido como um tempo dentro do tempo. Essa imagem animou o grupo e se pensou bastante sobre o assunto e chegou-se, assim, ao Eixo Temático de 2016:

“É TEMPO DE CRIAR TEMPO!”

Apoiando-se na metáfora da música, houve o entendimento que, nessa expressão, as duas palavras “tempo” são o “tempo forte” e o “contratempo” será CRIAR, não com pressa. CRIAR nas artes, nas ciências, nas relações, para que a melodia se faça.

É tempo de criar, tempo para conhecer, escolher, acolher, se colocar no lugar do outro, para olhar, para escutar, deixar marcas, pensar, flexionar os pensamentos, para criar canais de acesso ao outro, aprofundar as informações, sair da superficialidade, construir projetos, não apenas a partir do nome do eixo, mas a partir de tudo que foi pensado em sua construção coletiva. A ideia é valorizar a marcha, na qual surgem os tempos fortes e os contratempos!

Eixo temático 2015

No dia 17/12/2014 o grupo de profissionais da Escola Terra Firme se reuniu para discutir o eixo de pensamento e ação, em torno do qual irá se constituir toda a práxis educativa e pedagógica da Escola Terra Firme no ano de 2015. Como todo ano, a diretora pedagógica da escola – Sandra Cornelsen – sugeriu um tema para discussão para que, a partir dele, se construísse o Eixo Temático.

Esse exercício, além de realizar uma construção coletiva, exige que se chegue a uma referência que tenha sentido durante todo o ano de 2015, para todos os níveis de escolaridade e que inclua a aprendizagem dos alunos e alunas e dos(das) profissionais de todas as instâncias da escola, assim como das famílias.

O tema

Sandra sugeriu a discussão de um tema que tem origem na história do Brasil, mas, também, está muito ligado a tudo que vivemos em 2015 em todo o mundo: a Ética no Coletivo, focando a necessidade de uma Educação Política… Um eixo temático como o de 2000, quando chegamos ao tema “Brasil, mostra sua cara” e todas as implicações que poderiam permear as aprendizagens do ano.

O grupo de profissionais falou do eixo anterior, “…Caminhos para evolução…” e decidiu que é preciso falar sobre essa evolução a partir da vida em grupo, da coletividade, da ética necessária para a convivência e chega à primeira indagação: O que é uma educação política?

A discussão

As turbinas começaram a se aquecer e várias ideias foram levantadas. A Política foi definida como a arte de governar a “polis”, a cidade, mas também como a arte de dialogar, de exercitar o respeito às divergências, opondo-se sem desrespeitar o outro. Falou-se do cuidado com o outro, sem submissão, de alteridade e comprometimento.

De acordo com o grupo, Política, numa dimensão ampla, pode ser entendida assim:

A arte de articular os opostos;
Ser empático, desenvolver atitudes empáticas;
Ser honesto consigo e com o outro;
Tomar consciência do que se quer e do que não se quer; do que é importante à coletividade;
Assumir posições e ações; sair do nível de culpar e ser culpado;
Dar-se o direito de errar, de re-tomar, de re-fazer a partir do diálogo com o outro;
Ser solidário;

Saber frustrar-se; aceitar o momento sem submeter-se; gerenciar as emoções; desenvolver o auto-controle a partir de mecanismos metacognitivos de auto-avaliação constante e de respeito ao coletivo.

Nesse ritmo, o debate legou à palavra “Resiliência”, que significa viver em situações adversas sem desistir; encontrar caminhos; continuar buscando e fazendo; e travou um debate acerca de que valores deveriam reger, então, a aprendizagem política na Escola Terra Firme, falando de valores, retomada de valores, inversão de valores, crise de valores e chegando a algumas definições:

Respeito – articular o eu, o outro e o ambiente;
Humildade – aceitar os próprios erros, buscar novas possibilidades, gerenciar as emoções, articular controle e descontrole;
Conhecimento – de si, do outro e do contexto, tomar consciência.

E, nesta discussão, o grupo percebeu o quanto o significado das palavras evocadas é diferente para muitos que ali estão presentes. Que muitas vezes somos artistas para dar continuidade aos nossos objetivos. Houve, então, a discussão do significado desses valores para as famílias. Como elas interpretariam a intenção da escola? Famílias possuem diferentes valores.

Concluindo…

Ponderou-se que o papel da escola não é ser a soma dos valores das famílias, mas ser espelho, auxiliar na tomada de consciência do que se vê ao se deparar com as realidades: discuti-las, esmiuçá-las, compreendê-las e realizar ações preocupadas com a coletividade, com a convivência e com o cuidado que precisamos ter com os bens comuns.

O grupo ponderou e considerou que ÉTICA/POLÍTICA/VALORES são conceitos que precisam ter seus sentidos desconstruídos, discutidos e reconstruídos no atual panorama histórico. Esse é o papel da escola – ensinar a pensar sobre o que se faz e fazer o que se pensa. E a partir do tema levantado pela Sandra, realizar esta ação com ética, considerar a diversidade que compõe a coletividade, discutir o papel do cidadão em nosso país.

Ficaram nítidas as questões centrais:

É possível ser Brasil?
Somos Brasil?
Mostrar a Cara?
Mostrar a alma?
Abrir a mente?
É possível a Educação Política na escola?

Apostou-se que sim. Também enfatizou-se o uso das artes no dia a dia do brasileiro. E que usar a arte de ser e viver é um belo caminho para colocar os fatos da vida no espelho e discuti-los, conhecê-los mais profundamente, abrindo caminhos para a construção de novas possibilidades de ser brasileiro, cidadão. E por que não Cidadão do Mundo? Assim, a educação política na Escola Terra Firme teria como ponto central a Arte de Ser Cidadão e Viver a Cidadania, respeitando, pedagogicamente, as especificidades e os diferentes níveis de compreensão de cada série e idade.

Depois de uma manhã e meia tarde de conversas e reflexões, se chegou ao Eixo Temático que servirá de referencial às ações educativas de nossa escola:

A ARTE DE SER E VIVER…

Eixo temático 2014

No dia 19 de dezembro de 2013, o grupo de professores da Escola Terra Firme reuniu-se para construir o EIXO TEMÁTICO de 2014.

Desta vez, a reunião aconteceu no final da semana pedagógica e ainda no ano anterior ao da aplicação do Eixo. E, mesmo depois de um ano de intenso trabalho, professores e professoras, de todos os níveis de ensino, estavam com muita energia para juntos construir o tema em torno do qual acontecerá todo o trabalho educativo de 2014.

Movido pela necessidade de mudar, sem perder as referências, o grupo listou palavras que falavam da história, de “re-construções”, de “re-conhecimento”, de resgate, ao mesmo tempo em que trouxe palavras que indicavam transformação, mudanças, futuro… E outras que falavam de atitudes esperadas de um aprendiz, como: compromisso, respeito, delicadeza…

Assim, foram necessárias pouco mais de quatro horas de discussão e reflexão. Nesse tempo, apareceram os objetivos do ano e as justificativas desses objetivos, até que o grupo foi chegando à essência de tudo isso e sintetizou o Eixo Temático.

A integração das primeiras ideias iniciou com a palavra “Equilibração” que segundo Piaget quer dizer “equilíbrio em ação”. O grupo falou de equilíbrio e desequilíbrio e o quanto um é importante para a existência do outro.

Foi pensada, então, a “escuta”, a “auto-escuta” e sua importância para uma relação educativa que supõe o exemplo. Na reflexão de que um educador precisa conhecer-se para conhecer o outro e instigá-lo para o conhecimento, pensou-se em devolução, em receber e saber devolver; mais um pouco, brincamos com a palavra e ficou assim “De-evolução”. E por que não Evolução? Então vamos pensar sobre o que quer dizer Evolução!

E todos fizeram considerações. Evoluir não é bom nem ruim, é um processo que acontece a partir da interação de um elemento com o ambiente. Evoluir é mais do que adaptar-se. Então o grupo pensa na música:

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
eu não encho mais a casa de alegria
os anos se passaram enquanto eu dormia
e quem eu queria bem me esquecia
Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Não vou me adaptar
Não vou me adaptar…

Discutimos sobre o sentido da palavra “adaptação” no cotidiano, para nós, para Piaget… E mesmo entendendo que adaptação para Piaget não indica moldar-se, preferimos não arriscar essa palavra.

Voltamos então para a palavra “evolução” e concluímos que Evolução para nós quer dizer, como no dicionário, “Desenvolvimento e transformação de ideias, sistemas, costumes, hábitos…” Pensamos na palavra “re-evolução”, evoluir de novo; mas concluímos que se evolução significa desenvolvimento, processo, não seria preciso o prefixo que indica repetição.

Brincando com as palavras, alguém diz: “Firme é meu chão… Caminhos para a evolução”. A partir daí muitas combinações com o hino da escola foram feitas. … passos largos para a evolução; … passos para a evolução; … no compasso para a evolução e outros. Mas alguém defende uma nova ideia – partir do individual para o coletivo. Diz, também, que é preciso reconhecer o que já construímos e então partirmos para novos caminhos… Assim fica a sugestão: Reconheço meu chão, caminhos para a evolução.

Finalmente, foi representada aquela intenção de reconhecer a história da escola, os valores defendidos, os fundamentos de toda a construção e, ao mesmo tempo, abrir-se, colocar-se disponível para trilhar novos caminhos, assimilar as novidades, acomodá-las no sentido de deixar os esquemas já existentes se modificarem e equilibrarem-se no movimento das novas ações… E assim, evoluir.

Reconhecer o chão é o primeiro passo para explorarmos outros caminhos!