Nos seus 30 anos de existência, a Escola Terra Firme tem como prática a valorização do diálogo entre as disciplinas, para que se interconectem na formação do livre pensar. A proposta é entender que nenhum conhecimento basta a si mesmo e que é importante perceber os vínculos existentes entre os diferentes saberes, criando-os e recriando-os. Isso significa desvendar as relações entre as disciplinas, construindo e reconstruindo pontes para o melhor desenvolvimento do processo de aprendizado, como oportunamente sugere o eixo temático da escola em 2019.
A proposta é a construção de conexões que permitam o transitar entre as áreas do conhecimento
A Terra Firme propõe que alunos e alunas possam conhecer e relacionar teorias e conceitos, de modo a que se estabeleçam sentidos comunicativos entre as disciplinas que fundamentam o conhecimento humano. A proposta da escola, enfatizada no Eixo Temático, é a construção de conexões (pontes) que permitam o transitar entre as áreas desse conhecimento, relacionando seus objetos e métodos para descobrir a amplitude de possibilidades que a multidisciplinaridade oferece em um projeto pedagógico.
Estimular a pensar – Sandra Cornelsen, diretora geral da Escola Terra Firme, afirma que a multidisciplinaridade dos projetos relaciona os saberes e incentiva a autonomia do aluno, que aprende a pensar relacionando, confrontando e recriando os conhecimentos. “Na Terra Firme estimula-se o aluno a pensar e quem aprende a pensar e a relacionar conhecimentos, aprende qualquer coisa”, explica.
Segundo Sandra, a ideia é que ocorra uma ativa e constante criação e recriação teórico-conceitual, com o compartilhamento de ideias e sentidos dando o tom da pesquisa e da construção do conhecimento. “Um projeto multidisciplinar possibilita isso, integrando disciplinas ao compor a visão do todo e oferecendo ao aluno opções para construir caminhos personalizados de aprendizagem, tomando como base e referência os saberes já existentes”, diz.
Para ir além e criar conexões, nasceu o Eixo Temático 2019 da Escola Terra Firme: “PONTES”
Integração com autonomia – A multidisciplinaridade é o foco em todas as fases e níveis de ensino na Terra Firme. No Jardim, as crianças trabalham com a arte e o corpo e iniciam o processo de alfabetização, na qual a multidisciplinaridade acontece naturalmente. Assim também ocorre com o Fundamental I e II, no qual os professores estão inseridos e integrados nos projetos como pesquisadores, juntamente com os alunos e alunas, e não como meros transmissores de conteúdos.
A Escola propõe a construção do conhecimento a seus alunos e alunas não como algo isolado, mas com integração, autonomia e compartilhamento: brincando, estudando, olhando os outros fazerem, errando, pesquisando, lendo ou tentando ler, tanto na escola como em qualquer outro local.
Artes circulam pelas disciplinas – As artes estão inseridas no cotidiano de alunos e alunas da Terra e, é claro, compõem a estratégia multidisciplinar. São como o elemento que circula entre as disciplinas e saberes, facilitando a aprendizagem, tornando-a prazerosa e lúdica. “As artes trazem vida, conhecimento, alegria, cultura e história, são fundamentais para o ensino e para a vida e devem permear todas as outras matérias contidas no currículo”, afirma Sandra Cornelsen.
Nas Mostras de Projetos e Feiras das Nações, os alunos e alunas se utilizam fundamentalmente de expressões culturais e artísticas para melhor apresentar aos familiares a síntese do que foi estudado e aprendido durantes as aulas. A música, por exemplo, está presente de forma marcante na rotina pedagógica e no processo de aprendizagem e é muito utilizada nas aulas e nas Mostras e Feiras. Trata-se de uma ferramenta que desperta a sensibilidade e que permite trabalhar conceitos matemáticos e físicos, além de evocar elementos históricos e geográficos que ajudam alunos e alunas a aprender sobre povos e culturas.
Alunos são incentivados a relacionar, compartilhar, confrontar e recriar conhecimentos
Consignas – A escola utiliza as Consignas, formas de propor tarefas que integram diversas disciplinas e objetivam elevar o grau de autonomia do estudante em relação à construção de seu próprio saber. Esse conceito está desenvolvido por Laura Monte Serrat Barbosa e Simone Carlberg, no livro “O que são Consignas? Contribuições para o fazer pedagógico e psicopedagógico”, editado pela Intersaberes.
As consignas são instrumentos de análise e de articulação dos saberes que, contextualizados, são importantes como registros dos passos dados no aprendizado e fornecem o material com o qual as pontes são feitas.
Texto: Luiz Geremias
Fotos: Gilson Camargo
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