Incentivar a curiosidade e a pesquisa por novos conhecimentos é a melhor forma de promover o prazer de estudar. A descoberta sempre vem acompanhada de fascínio e o percurso até ela deixa lições, ajudando alunas e alunos a definir, coletiva e individualmente, interesses e métodos de pesquisa. Assim, desenvolvem a autonomia e aprendem a explorar os recursos tecnológicos disponíveis, compartilhando conhecimentos.
O projeto da turma do 7º ano envolve essa busca curiosa e autônoma pelo conhecimento, observando a diversidade cultural. O nome escolhido pelos estudantes para o projeto foi “Novos Olhares” e a aluna Anita Saldanha, a partir da leitura do livro, “O Karaíba”, do escritor indígena Daniel Munduruku, resolveu incrementar a sua pesquisa conseguindo uma entrevista com uma liderança do povo Munduruku, Alessandra Korap.
Segundo ela, a ideia partiu das aulas de Língua Portuguesa, da professora Maria Carolina de Almeida Amaral, e de Geografia, do professor Kevin Pscheidt. “A escola incentiva a pesquisa e eu não conhecia quase nada sobre indígenas. Entendi que nem sempre o que nós pensamos sobre esse povo é o que realmente ele é. Fiquei surpresa ao saber como lidam com a vida, com o meio ambiente, como lutam contra a destruição da natureza. É uma outra realidade, diferente da nossa, que a gente nem sempre entende e me comprometi a informar a turma sobre isso”.
Anita e Alessandra Korap – Fonte da imagem.
Autonomia e estímulo para aprender
Sua mãe, Viridiana de Macedo Saldanha, conta que ficou surpresa com o desprendimento e a autonomia da filha. Segundo ela, Anita teve a ideia e tomou a iniciativa sozinha. “Pesquisou, assistiu vídeos, leu textos e mandou mensagem para a Alessandra, pedindo uma entrevista. Quando chegou a resposta, aceitando, ela ficou surpresa e muito feliz. Fez a entrevista sozinha e eu somente ajudei a planejar as perguntas, ajeitei o cenário para a entrevista on-line e me apresentei à Alessandra, quando ela pediu para falar com um adulto. Fiquei muito orgulhosa!”
Viridiana afirma que, com a motivação que encontra nas aulas da Terra Firme, a filha “triplicou o gosto pelo estudo”. “A escola incentiva, motiva, tem uma visão mais abrangente do ato de estudar e valoriza a postura autônoma. Com os ‘mapas mentais’, realizados em todas as disciplinas, ela encontra estímulo para aprender. Faz tudo com autonomia e só pede ajuda para aquilo que ainda não sabe fazer sozinha”.
Duas lideranças dos povos indígenas
Alessandra Korap é natural de Itaituba (PA) e uma liderança da etnia Munduruku, ativista em defesa do meio ambiente. Luta pela demarcação dos territórios indígenas, denunciando atividades ilegais de madeireiros, mineradores e garimpeiros. Com reconhecimento internacional, em 2020 foi agraciada com o Prêmio Robert F. Kennedy de Direitos Humanos, nos Estados Unidos.
Daniel Munduruku nasceu em Belém (PA) e é um escritor da mesma etnia. É pós-doutor em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mestre e doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e graduado em Filosofia, História e Psicologia pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). Escreveu mais de 50 obras, a maioria classificada como “literatura infanto-juvenil”. Seu livro “O Karaíba” foi publicado pela Editora Amarilys, em 2010. Nele, Daniel reconstitui a cultura pré-cabraliana, antes da chegada dos portugueses ao Brasil.