Uma chama acende e todos se reúnem à sua volta. Essa tradição se mantém durante os tempos e foi revivida no dia 23 de novembro na Feira das Nações, uma iniciativa da Escola Terra Firme elogiada por alunos e familiares como grande incentivo à pesquisa e à descoberta. Toda a família se envolve, todos pesquisam e ficam sabendo mais e mais, compartilhando informações e projetando perspectivas para compreender o mundo e manter acesa a luz que orienta a viagem em busca do conhecimento.

A Feira levou alunos, alunas e familiares a uma grande viagem com um itinerário bastante variado: além dos países mais conhecidos, outros não tão familiares foram desvendados em seus aspectos sociais, culturais e políticos. As turmas do 2º ano se engajaram na aventura com as professoras Kátia Bassetti e Liz Volino e os países apresentados na Feira foram sorteados em sala de aula. As crianças e familiares se dedicaram ao máximo e o evento foi uma festa de saberes compartilhados.

Muitas cores, templos budistas e um chá de bolhas – Isabele Dal Nego apresentou Taiwan, um Estado insular localizado na Ásia Oriental, acompanhada por sua mãe, Michele. Quem chegava à banca recebia informações acerca das características do país, sua capital, Taipé, sua moeda, o dólar taiwanês, e sua religião predominante, o budismo. Com a ajuda de um mapa estrategicamente colocado na frente da sua “banquinha taiwanesa”, a aplicada aluna deu uma eficiente aula sobre essa nação tão distante e diferente do Brasil, contando ainda com uma réplica da bandeira de Taiwan e um colorido vestido típico. Segundo ela, foi muito bom conhecer uma realidade tão diversa daquela com a qual está acostumada. “Adorei fazer a pesquisa e gostei muito das cores [da cultura taiwanesa], tudo parece ser muito colorido lá, como a roupa que eles usam”, disse apontando para o vestido pendurado atrás dela.

Além da aula de Isabele, o que chamou a atenção foi o “chá de bolhas”, uma bebida típica que tem com base o chá verde ou preto e utiliza, na receita original, o que eles chamam de “pérolas de tapioca”. “Para apresentar essa deliciosa bebida, fizemos uma adaptação com leite, açúcar, chá de pêssego e sagu, para fazer as bolhas, pois é o que mais se parece com as pérolas de tapioca”, explicou Michele, a orgulhosa mãe.

Arte, futebol, religião, siesta e uma deliciosa tortilla – A missão de apresentar um país bem mais conhecido dos brasileiros, a Espanha, não intimidou os irmãos Augusto e Gustavo Berton. Falaram da música, dos pratos típicos e bebidas, dos pintores espanhóis e, é claro, dos clubes do futebol espanhol: “Muito famosos”, disseram. Augusto apresentou elementos da cultura local, até mesmo a “siesta”, um hábito arraigado na cultura daquele país e que influenciou os países colonizados pela Espanha. Já Gustavo falou das comidas típicas e da religião, informando que a moeda espanhola era outra antes da adoção do Euro, unidade monetária da União Europeia. “Lá, 70% da população é católica e a moeda era a peseta”, falou, oferecendo um pedaço suculento de tortilla, a atração gastronômica da sua “banquinha espanhola”.

Simone, a mãe de Gustavo e Augusto, exaltou o empenho dos filhos na preparação da exposição e na apresentação. Ela contou que somente ajudou na impressão dos cartazes utilizados e que eles fizeram todo o trabalho, recortando, montando e escolhendo os itens que compuseram a “banquinha espanhola”. “Eles ficaram muito interessados, estudaram muito e treinaram para a apresentação com o primo”, explicou. Disse ainda que a pesquisa foi muito produtiva para as crianças, mas também ela aprendeu mais sobre os países. “A Feira das Nações proporciona o enriquecimento do conhecimento, pois a proposta induz a pesquisar e todos ganham com isso”, concluiu.

Um desafio, muito empenho, nomadismo e cardamomo – Apresentar a Mongólia foi um desafio para Maria Flor Frey. Trata-se de um país distante e diferente do Brasil em muitos aspectos, mas seus pais, João e Mariana, ficaram impressionados com o empenho da menina. “Mal foi feito o sorteio, ela chegou em casa e já queria fazer toda a pesquisa no primeiro dia!”, exclamou o pai. Para ele, a proposta da Feira das Nações é estimulante. “Incentiva a descobrir coisas diferentes, a aprender coisas sobre lugares dos quais nada sabíamos antes. Começamos a pesquisar sem muitas referências e dali a pouco já estávamos sabendo coisas sobre a Mongólia”, comentou.

A participação dos pais foi estimulante para Maria Flor e a pesquisa se deu primeiramente em livros. “Fomos até a Biblioteca Pública [do Paraná] para tentar descobrir algum livro, mas não tivemos muito sucesso. Então buscamos uma enciclopédia e somente no final é que fomos pesquisar na internet”, falou João. O objetivo, segundo ele, foi incentivar a menina a manusear livros e a saber como ir buscar informação em uma biblioteca. Muito importante, também, foram as conversas que tiveram em família sobre a cultura mongol. Temas como o nomadismo vieram à tona e tanto o pai como a mãe concordaram em dizer que foi produtivo elaborar, junto com Maria Flor, como é uma vida nômade. “É uma forma de vida muito diversa daquela que temos em nosso país e foi muito importante a compreensão compartilhada dessa diferença”, disse. De brinde, quem visitava a banquinha levava grãos de cardamomo, uma especiaria que se expandiu graças ao povo mongol.

Livros, uma população letrada, guacamole e suco de abacaxi – Coube a Lisa Oliveira a apresentação de Cuba, e sua mãe, Márcia, estava presente para ajudar, bem como seu pai, Francisco, que foi muito importante na pesquisa, já que conheceu aquele país. A aluna mostrou a localização do país, utilizando um globo de mesa, falou sobre a cultura cubana e ressaltou um grande feito conseguido lá: “Em Cuba, 99% da população sabe ler e escrever”, disse, acrescentando que a saúde e a segurança também são fatores positivos. Contou que seu avô conheceu um médico cubano que trabalhou em sua cidade, Joaquim Távora, na região do Norte Pioneiro, interior do Paraná, e que era muito elogiado.

Na banquinha havia muitos livros e imagens de figuras políticas cubanas, como Fidel Castro e Ernesto Che Guevara, bem como muitos livros e um delicioso suco de abacaxi para acompanhar a guacamole, uma iguaria muito apreciada por lá. A mãe contou que ela e Lisa já estiveram perto de Cuba, mais precisamente na República Dominicana, e que essa viagem foi muito lembrada durante a pesquisa. “Conversamos bastante sobre algumas diferenças entre o Brasil e Cuba e sobre a nossa viagem e a Lisa ficou muito interessada, pesquisou e aprendeu muito”, explicou.

Os melhores relógios, quatro idiomas, queijos e Toblerone – A Suíça esteve presente, representada por Lara Viana de Souza e seus pais Rodrigo e Heloisa. A aluna estava muito segura e apresentou informações importantes, como a localização geográfica, os idiomas falados no país (italiano, alemão, francês e romanche) e a cidade capital (Berna). O pai morou na França e esteve na Suíça, o que ajudou na pesquisa. “Mostrei a ela fotos que tirei lá, falei sobre como me senti, o que vi, e ela ficou muito interessada”, disse Rodrigo.

A mãe, Heloísa, comentou que são produzidos, anualmente, 7 bilhões de barras de chocolate Toblerone em Berna. “Quase uma para cada habitante do planeta”, lembrou o pai. E, com relação a isso, os três contaram que o formato desse chocolate é inspirado no monte Matterhorn, que também aparece impresso na embalagem. Havia ainda outras atrações, como uma prova de queijo, e um cartaz informativo, no qual estava escrito que na Suíça se produzem 400 tipos de queijo diferentes. E o famoso canivete, é claro. Ao ser perguntada sobre aquilo que mais gostou na Suíça, Lara não teve dúvidas. “Conheci muita coisa, mas o melhor mesmo é o chocolate”, respondeu.

Texto: Luiz Geremias
Fotos: Gilson Camargo

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