Valorizando a tradição das festividades juninas e sem estimular o consumo, a Terra Firme realizou um arraiá cheio de alegria e contentamento, sentimentos que ficaram marcados nas expressões felizes das crianças, pais e professores.

As festas julinas realizadas na Escola Terra Firme encerram o semestre letivo e são tradicionalmente alegres. A que foi realizada no último sábado (01/07), porém, teve um clima especialmente festivo. Tanto as crianças como os pais pareciam mais sorridentes, com um envolvimento na festa que chamou a atenção. É que, neste ano, a escola adotou uma prática que sugere que não é preciso haver prêmios nas brincadeiras para que as crianças participem delas, muito pelo contrário. O clima festivo do “brincar pelo brincar” predominou e mostrou o lado livre e espontâneo das brincadeiras tradicionais desta época do ano.

Os comes e bebes também marcaram a intenção de saborear os doces e salgados tradicionais dessa época do ano e não tiveram custos na festa, salvo os comercializados pelos alunos do nono ano, que arrecadaram fundos para a formatura. Tudo isso trouxe mais leveza e uma inegável economia para as famílias. O resultado foi que a festa se caracterizou por um evento exclusivamente comemorativo da tradição das festas juninas e julinas, não como uma competição por prêmios.

A diretora administrativa da Terra Firme, Maria Augusta Brofman explica que percebeu-se uma necessidade de adequação de valores, tanto no plano financeiro como, principalmente, no social. “Debatemos com os coordenadores e a direção pedagógica quanto à necessidade de ajustar a festa à realidade em que estamos inseridos, envolvendo a consciência social e sustentável e adequando-se à lógica da escola”.

Para Thamy Padilha, coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental, o objetivo maior é confraternizar alunos, pais e equipe pedagógica. “O que a escola pretende é promover uma confraternização entre todos, celebrando a união e a amizade”.

Elogios

Camila Ribas, mãe da Carmela, do 2º ano, aprovou a ideia e expôs a sua opinião em sua rede social. “Hoje foi a festa junina da escola da minha filha e sabem quanto eu gastei lá dentro? R$10. Isso, em dois cachorros-quentes que ela pediu depois de muita brincadeira”, diz. O cachorro-quente foi cobrado para arrecadar fundos para a formatura. De resto, todos comeram e beberam o quanto quisessem. E havia muitas delícias à disposição.

Segundo Camila, essa iniciativa é fundamental para marcar a importância do brincar pelo brincar, sem a ânsia de ganhar algo, uma prenda que nem sempre representa algo de importante para a criança. “Que coisa mais maravilhosa! É gratificante ver a festa não perder seu sentido em meio a tanta vontade absurda do mundo em obter lucro. Eu não me arrependo jamais. Eu indico a Terra Firme de olhos fechados e pra sempre. No futuro, quando eu disser pra Carmela o quanto eu tenho orgulho dela, vou dar uma grande parcela de responsabilidade à escola que ela frequentou. Minha filha não é um projeto de vestibulando. Minha filha é uma criança.”, afirma Camila, entusiasmada com o clima festivo que envolveu a todos.

Adriana Batista, mãe do Bruno, do 6º e da Isabela e do Henrique do 3º, elogiou a atitude da Terra Firme, pois entende que todos gostam muito mais do brincar do que das prendas. “Já adorei o fato da escola priorizar o brincar pelo brincar, sem os prêmios, apenas pela conquista em si; além de ter ficado mais leve, não temos mais que carregar aquelas sacolas com brinquedos, sendo que muitos deles só serviam para prenda no ano seguinte”, explica. Wilsa e Marcos, pais do Flávio (5º ano), concordam com Adriana e acrescentam que não tinham tempo para comprar as prendas para trazer na escola: “Foi um grande alívio saber que não precisávamos ir atrás de brinquedos, porque gostávamos de comprar coisas boas para trazer, mas isso nos custava, além do dinheiro, o tempo. Parabéns à iniciativa!”.

Promover a cidadania

A professora Liz Volino diz que ouviu várias crianças também comemorando o fato de poderem brincar diversas vezes, sem ter que contar as fichas. “A festa foi leve, crianças correndo, brincando, simplesmente felizes por festejar, sem disputar”, afirma.

A proposta é educar para formar cidadãos críticos e responsáveis, que sabem que o prazer de viver e conviver vai muito além das satisfações propostas pela mentalidade consumista. A Terra Firme está mobilizada no sentido de promover um ambiente no qual os valores humanos estão em primeiro plano, sem sugerir que as fantasias prontas vendidas pelas marcas resumam os sentidos da felicidade e sem estimular a lógica de que é preciso sempre vencer os competidores para alcançar satisfação. Todos os projetos da escola trazem alguma proposta de conscientização da cidadania e muitos deles estão ligados diretamente ao consumo consciente.

Arte gráfica: Adriano de Faria
Fotos:
 Gilson Camargo

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