Da preparação das condições para o experimento ao registro do aprendido, as crianças passaram pela fase da apresentação do problema e da elaboração de hipóteses, realizando, em seguida, a experimentação e observação para confirmação ou não das hipóteses levantadas.

A Escola Terra Firme tem uma proposta de trabalho pedagógico que incentiva os alunos e alunas a pensar. Desde cedo, as crianças são convidadas a aprender de maneira significativa, conjugando o espírito do brincar à formação paulatina dos conceitos importantes para compreender os fenômenos e acontecimentos do mundo. Na aula do 1° Ano F, por exemplo, meninos e meninas de idades entre 6 e 7 anos puderam viver intensamente o processo de iniciação ao pensamento científico, integrando a ludicidade à formação de conceitos. Hipóteses foram formuladas e testadas por meio da experimentação, obtendo confirmação ou não, e o registro desse processo foi realizado logo após as experiências em uma tabela, tudo como deve fazer um bom cientista mirim.

A professora Francesca Tockus, a Fran, comandou a aula de iniciação científica e, com a ajuda de um aquário e diversos objetos, pôde aproximar os alunos e alunas da noção de densidade por meio do conceito de peso. Tudo isso, é claro, com muita diversão, pois quando o pensamento conceitual é exercitado com alegria, tende a se desenvolver com mais efetividade. Segundo ela, “É importante estimular a procura do conhecimento e isso se pode fazer incentivando o aluno a experimentar para ir descobrindo como são e como funcionam as coisas”, diz. Ela explica que o fato das crianças terem, eles mesmos, realizado as experiências, facilitou tanto as explicações necessárias quanto, em decorrência, a compreensão.

A coordenadora da Educação Infantil, e do 1º e 2º ano do Ensino Fundamental I, Camila Guitti Luppi, afirma que perguntar e tentar obter respostas é uma necessidade para as crianças e é importante acolher essa característica para cultivá-la. “Nessa fase da vida, experimentar é algo natural e devemos manter os olhos abertos para uma leitura do que a criança já traz consigo, de modo a incentivá-la a se desenvolver”, explica. Ela entende que nessa fase da vida são elaborados sistemas interpretativos nos quais são capturadas ideias e conceitos que fazem sentido e isso deve ser incentivado porque faz parte do processo de construção do conhecimento. “Precisamos facilitar o desenvolvimento das bases do pensamento científico, oferecer uma trajetória para fortalecer o que a criança já traz naturalmente, não deixando morrer a curiosidade e fomentando a formação da autonomia”, define.

Afunda ou não Afunda? – A professora Fran, junto com a turma, experimentou quais objetos afundam e quais não afundam, utilizando canetas, lápis, clips, borracha, tesoura, apontador e giz de cera. Antes de cada experimentação, a questão era acerca do que boiaria ou afundaria e do porquê isso acontecia. As respostas variavam de acordo com a compreensão de cada criança, mas todas entenderam a lógica. A maioria, quando perguntada por que um objeto afunda e por que outro não afunda, tinha a resposta na ponta da língua: “Porque é mais pesado do que a água!”.

Houve muitas polêmicas durante as experiências e nem sempre o grupo concordou na formulação de hipóteses. O apontador, por exemplo, dividiu a turma: parte achou que afundaria, parte que não afundaria. Quando a professora o pôs na água e ele flutuou foi intensa a comemoração dos que apostaram nessa hipótese. Já objetos como a tesoura e os lápis obtiveram maiores certezas. A tesoura, por ser de metal, certamente afundaria, disse a maioria que, no caso dos lápis, apostou na flutuação. Os que acertaram celebraram com alegria a confirmação da hipótese em que apostaram. Os que erraram também ficaram contentes, pois haviam aprendido algo novo.

Texto: Luiz Geremias
Fotos: Gilson Camargo

#TerraFirme30anos