A oficina de alfabetização, direcionada aos pais e mães das turmas do 1° ano da Escola Terra Firme, busca falar e instruir um pouco sobre o que os espera na próxima etapa escolar de seus filhos, pois, algumas mudanças ocorrem no 2° ano, quando se passa a trabalhar com notas e outras avaliações realizadas para mostrar o quanto o aluno apreendeu e assimilou dos conteúdos compartilhados.

Esta mudança acontece de uma forma muito especial na Terra Firme, pois o salto significativo da alfabetização acontece dentro de uma metodologia de projetos que envolve os professores, as crianças e a família. Algumas destas mudanças vão nortear a vida escolar do aluno, como o uso formal do caderno, que eles não tinham e passam a ter, a localização espacial, as 4 operações matemáticas e a complementação dessa alfabetização, que vai acontecer ao longo do 2° e do 3° ano. O 1° ano é apenas o primeiro degrau dessa etapa que é o ensino fundamental.

“Todas as crianças trazem algum conhecimento de casa, por menores que eles sejam. Normalmente elas sabem o nome da mãe, do pai, do irmãozinho. Talvez não saibam escrever corretamente, mas, elas são capazes de escrever esses nomes do seu jeito, com um desenho ou um monte de letrinhas tortas.

Na escrita, os primeiros registros que aparecem são as garatujas, uma fase em que o desenho ainda não está espaçado, separado, não tem uma forma, é uma mistura de cores. Depois vem o grafismo primitivo, que é quando a criança começa a perceber o espaçamento da folha e começa a fazer uma separação, ela começa a ordenar o espaçamento e o pensamento dela também. Depois a gente tem a pseudo-letra, quando ela começa a desenhar algumas letras influenciada pelos mais variados estímulos externos.”

“Não é só dentro da escola que a criança tem contato com a escrita, com a leitura, com a fala. Isso vem desde quando ela nasce, já que estamos inseridos em um mundo cheio de letras, de livros, de outdoors, de embalagens, de exemplos… e a partir do interesse delas a gente incentiva o aprendizado. Isso facilita muito no desenvolvimento deste processo, porque a leitura e a escrita não são estanques, não são assim: primeiro eu escrevo e depois eu leio. A criança precisa estar lendo a letra, ela precisa entender que aquele simbolo significa a letra A, a letra B ou a letra L, para escrevê-la no papel. Se ela não fizer esse processo, ela não desenvolve nem a escrita, nem a leitura. Então, os dois processos acontecem juntos.

No primeiro ano a gente não trabalha a letra cursiva e a caligrafia. No segundo ano é que eles vão começar a usá-las, e isso faz com que eles cheguem nesta etapa já familiarizados com o processo de leitura, de escrita e com o alfabeto, já sabendo a diferença entre a “caixa alta” e a letra cursiva, e mais preparadas para construir a sua própria letra.”

“Em casa, se a criança perguntar como se escreve, você não precisa frisar se está certo ou errado. O erro é importante porque ele me permite tentar. Claro, se ela perguntar: mãe, como é que escreve ‘chão’? É com X? Aí você pode dizer: olha, tem o CH, que faz o mesmo som. O que não ajuda é soletrar, porque ela não estará pensando, e ela precisa fazer essa tentativa para aprender.

Outra coisa importante é buscar não apagar o erro, não passar a borracha, para que eles não tenham medo de tentar. Aqui na escola a gente não faz essa correção, a gente faz a reescrita. Caso vocês precisem demonstrar algo para nós, alguma dúvida ou anotação, vocês podem fazer a reescrita ao lado ou acima, porque eles sabem que esse é o nosso processo de aprendizado. Mas, é importante a gente receber a lição de casa com a tentativa deles. É muito comum eles trocarem ou substituírem letras. O C pelo K, o S pelo C, o G pelo H. Isso é normal e a gente vai trabalhando com eles aqui.

Cada criança tem o seu tempo de aprendizado, isso não se dá de forma absolutamente igual para todas. Nessa idade, seis meses fazem uma diferença enorme. E viva a diversidade! Mas, até a metade do segundo ano, todos os alunos da escola já estão alfabetizados, e mais de 80% deles já estará escrevendo na fase alfabética ou silábico-alfabética no fim do primeiro ano.”

Francesca e Juliana, professoras do 1° ano 2017, da Escola Terra Firme.
Link para slides expositivos apresentados na oficina – arquivo Powerpoint.