Professoras e alunos põem boa ideia em prática, investem esforços e adquirem bens, aprendendo não apenas sobre botânica, como descobrindo e desenvolvendo conceitos da vida cidadã, negócio sustentável e consumo consciente
As aulas do Período Integral das professoras Carmynha e Rosana Machado, mais conhecida como Rô, começaram de forma diferente neste segundo semestre. As novidades foram o violão e o liquidificador industrial, duas conquistas dos alunos em uma experiência na qual o aprendizado foi além do adquirido no estudo curricular da botânica. Incluiu, ainda, trabalho artesanal com material reutilizável e a oportunidade de gerenciar um negócio sustentável, que lhes permitiu adquirir os bens que mais desejavam e de que mais necessitavam. Um bom e didático exemplo da construção do conceito de consumo consciente.
A história de como esses utensílios vieram parar na sala de aula é contada por Carmynha. Segundo ela, tudo começou quando a piscina, que ocupava um espaço significativo do quintal de brincar ficou vago. “Puxamos um plástico e construímos uma pequena estufa. Com o tempo a estufa ficou maior, fizemos a estrutura, a irrigação, o banco de sementes e também começaram a plantar as mudinhas. Morangos, abacates, amoreiras, araucária, milho, mamão e tantas outras mudas germinaram naquele espaço. Nos dois primeiros anos, as mudas foram transplantadas para a horta e a praça que era adotada da escola”, conta. A produção cresceu. Os alunos começaram a levar para plantar em casa.
Sucesso sustentável
Mas, já no ano passado, não tinha mais onde colocar tanta mudinha e, ao mesmo tempo, a turma sentiu necessidade de um liquidificador industrial para produzir papel reciclado. Daí nasceu a ideia de vender as mudas, porém não simplesmente as mudas, mas elas transformadas em peças de artesanato, em sinergia entre o natural e o cultural. Tanto a Carmynha, como a Rô e até mesmo os alunos, começaram a trazer materiais que poderiam ser reutilizados, como janelas, portas, entre outros. E disso nasceram várias obras de artesanato que foram vendidas na feira “Nós da Terra”, evento no qual a comunidade Terra Firme (pais, mães, professores e alunos) expõe seus produtos e serviços. E, com o resultado das vendas, compraram o liquidificador.
A produção não parou por aí e eles aproveitaram a Mostra de final de Semestre para vender mais. A nova opção do grupo foi a aquisição de um violão. Durante as férias, Carmynha pesquisou as melhores lojas de instrumentos musicais e o instrumento foi adquirido. Além de ser usado durante as aulas, o violão fica à disposição dos alunos que querem treinar ou simplesmente tocar.
Fotos: Carmynha Santos, Karina Ernsen e Gilson Camargo