No final da década de 70 surge, na França, um movimento dentro dos estudos da Psicomotricidade que apontou para um corpo capaz de um vivenciamento global, deixando-se de pensar em um corpo compartimentado.

Este movimento é que dará suporte para, na década seguinte, Andre Lapierre e Aucouturier fundarem uma Psicomotricidade já mais próxima do que hoje é conhecida por Psicomotricidade Relacional, cuja característica é a busca constante do aperfeiçoamento humano, tomando como foco a valorização das relações e das potencialidades do ser.

Psicomotricidade Relacional na educação escolar

A Terra Firme foi pioneira na aplicação dos recursos da Psicomotricidade Relacional no ambiente escolar, beneficiando tanto os alunos e alunas quanto a equipe pedagógica.

Fator fundamental da proposta de formação humanística e cidadã é a disponibilidade das professoras e professores, tomando aspectos cognitivos relacionados à cidadania e ao desenvolvimento humano.

Sempre com a responsabilidade e a consciência características de quem está se aprimorando, individualmente e em grupo.

Psicomotricidade na educação infantil

Disponibilidade

Segundo Sandra Cornelsen, fundadora e diretora da Terra, os(as) profissionais que trabalham na escola contam com atenção especial, supervisão constante e participação em momentos reflexivos acerca de sua prática, garantindo a segurança necessária para o desenvolvimento do trabalho pedagógico.

São pessoas que têm espaço para vivenciar e mesmo resolver seus conflitos, dando lugar à criatividade e afetividade.

“Nem os alunos, nem os professores são máquinas que vêm à escola para ensinar e/ou aprender. Têm sua vida, sua história, seus problemas e conflitos.

A Psicomotricidade Relacional é um instrumento capaz de auxiliar tanto os professores e professoras quanto os alunos e alunas, no processo de ensinar e aprender”, explica.

Nessa perspectiva, as mudanças acontecem no tempo certo e exigem cuidado contínuo e reflexão permanente, para que sejam efetivas e estejam fundamentadas no processo de amadurecimento e de crescimento humano.

“Na atuação com o grupo de adultos (professores e funcionários), promove-se o autoconhecimento, a tomada de consciência, a maior compreensão de si mesmo e do outro.

Convive-se com as próprias frustrações e com os desejos em um grupo de trabalho, sem medo da crítica e com a aceitação das diferenças individuais, construindo assim uma nova disponibilidade”, pondera Sandra.

Psicomotricidade na EscolaDiálogo

O jogo simbólico realizado na sala de Psicomotricidade Relacional tem como objetivo a promoção de um lugar de relação e de vivência através do contato direto com os objetos e com os outros, desempenhando diferentes papéis, vivenciando prazeres e frustrações, possibilitando aos participantes exibir, sem medo de críticas ou punições, aspectos de sua personalidade e de sua pessoalidade, para que sejam aceitos, pensados e refletidos.

“A partir disso, o psicomotricista relacional faz a sua intervenção com um máximo de aceitação, um mínimo de crítica e um grande volume de disponibilidade, estabelecendo um diálogo que nasce de uma relação verdadeira e cúmplice”, afirma a diretora da Terra Firme.

Segundo Sandra, as transformações que vêm ocorrendo no mundo contemporâneo trazem novos desafios para a educação. O sujeito adapta-se ao mundo em que vive, em eterna transformação.

“Esse contexto nos leva a pensar na importância de uma educação que leve em conta a diversidade humana e que viabilize a integração entre motricidade, afetividade e aprendizagem. Dentro deste propósito, a Psicomotricidade Relacional é vista como possibilidade de inserção em um processo de humanização, visto que o ser humano utiliza-se do seu corpo para estabelecer relações consigo mesmo, com os outros e com o meio”, diz.

Psicomotricidade em Curitiba

Texto: Karina Ernsen
Fotos: Gilson Camargo