Os alunos e alunas da turma do 9º ano realizaram, nas aulas de Língua Portuguesa, uma atividade que envolveu estudos históricos e produção textual. Tudo começou quando leram os livros “Diário de Anne Frank” e “Diário de Zlata”, relatos que ilustram a dor de pessoas obrigadas a fugir e se esconder para sobreviver à perseguição de regimes totalitários. A tarefa mobilizou a todos e foram realizadas pesquisas sobre o tema, coordenadas pela professora Maraiza de Araujo Ferreira, a Mara, a partir de uma aula do professor Sidinei José da Silva, o Sidão, da disciplina de História.

Durante a leitura, foi elaborada uma lista de personagens históricos que, pondo em risco a própria vida, ajudaram ou tentaram ajudar a salvar quem era perseguido. Cada estudante escolheu uma dessas pessoas e iniciou uma imersão na vida do personagem, realizando a pesquisa em sala e também em casa.

Diários escritos à mão

No final do trabalho, o resultado foi a produção de diários artesanais, escritos em primeira pessoa, em que cada aluno e aluna se colocou no lugar do personagem escolhido e elaborou um relato. Segundo a professora Mara, os diários foram lidos em sala e despertaram emoções e envolvimento com o tema, mobilizando o interesse por esse período histórico. Uma prova disso, diz ela, foi que a maioria dos textos foi escrita à mão, como se tivessem sido realmente feitos na época em que o personagem viveu.

Tanto ela quanto o professor Sidão ficaram satisfeitos com a compreensão que os adolescentes desenvolveram sobre a importância da democracia e dos Direitos Humanos, bem como com a conscientização acerca do que é o totalitarismo. “O objetivo é contemplar a BNCC [Base Nacional Comum Curricular], contextualizando para os alunos os perigos do totalitarismo, refletindo sobre o tema da discriminação e pensando sobre essa temática no momento atual”, diz Mara.

Pesquisa leva à conscientização

A aluna Isadora Fiori escolheu Miep Gies, uma valorosa mulher austríaca que, quando ocorreu a Segunda Guerra Mundial, residia na Holanda. Foi ela que ajudou várias pessoas, incluindo a família de Anne Frank, a se esconder dos nazistas, que as perseguiam por serem da etnia judaica. “Gostei dela, que lutava contra a injustiça e não hesitou em nenhum momento em ajudar quem precisava. Ela não era judia e entendi que as pessoas não precisam ser da mesma religião ou etnia para se respeitar e ajudar umas às outras”, explica.

O aluno Valentin Kaschuk Alberton pesquisou a vida de Alan Turing, matemático britânico que desenvolveu uma máquina que decifrava o código das mensagens nazistas e, assim, ajudou os aliados a vencer a guerra, possibilitando que muitas vidas fossem salvas. Apesar do seu feito heroico, Turing também sofreu uma dura e cruel perseguição no pós-guerra, mas do governo de seu próprio país, por ser homossexual. “Na Inglaterra, a lei que cessou definitivamente a perseguição a homossexuais e cancelou a condenação de Turing e outros leva o nome desse personagem. É de 2017 e conhecida como ‘Lei de Turing’”, informa Valentin.

Abaixo, a lista de personagens históricos utilizada pela turma para a pesquisa:

• Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa
• Luiz Martins de Souza Dantas
• Alan Turing
• Nicholas Winton
• Miep Gies
• Oskar Schindler
• Chiune Sugihara
• Raoul Wallenberg
• Salome Gluecksoln
• Gustav Nossal
• Ernst Bloch
• Irmãos Bielski
• Hana Brady
• Edith Schwalb
• Marcel Nadjari
• George Legmann
• Nanette Blitz Konig
• André Daniel Reisler