A escola é a primeira a adotar o projeto “Colmeias Urbanas” do curso de Design da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Na terça-feira, 27/11, a Terra Firme recebeu a visita dos professores e técnicos do curso de Design da UFPR, que vieram apresentar o Projeto Colmeias Urbanas, desenvolvido pelo Núcleo de Design e Sustentabilidade da Universidade. A iniciativa tem como objetivo a proteção das abelhas nativas brasileiras chamadas meliponíneas, por meio do design e do desenvolvimento digital em código aberto. A ideia é criar produtos, utilizando uma impressora 3D, que possam ser utilizados como colmeias por essas abelhas. Qualquer pessoa com acesso à internet e uma impressora 3D pode fabricar e utilizar uma colmeia. Os alunos e alunas do período integral conheceram o primeiro protótipo do projeto, que tem formato de abelha.

A minúscula abelha mirim, de apenas 4 milímetros, em uma das árvores do pátio da escola.

Os professores doutores Aguinaldo dos Santos e Stephania Padovani, juntamente com o técnico do departamento de Design da UFPR, Félix Varejão, levaram para a escola a colmeia já produzida, material pedagógico para contar a história de como a ideia surgiu e falar de todo o processo para dar início à execução do projeto, tudo isso utilizando desenhos e com muita diversão. “Hoje vamos mostrar para as crianças uma colmeia que foi criada por meio digital, ou seja, por impressão 3D. A colmeia tem o formato de uma abelha e os alunos vão ajudar a formar ‘o rosto’ da colmeia, qual a expressão que querem para essa abelha. Como a produção é numa impressora 3D é possível fazer qualquer formato. Também vamos explicar como é realizado o processo do design da colmeia por meio de uma dinâmica lúdica, em um formato que as crianças compreendam como tivemos a ideia, realizamos as pesquisas e as etapas de produção”, explica a professora Padovani.

O professor Aguinaldo dos Santos contou que este projeto é o que existe de mais moderno na América do Sul em colmeias para abelhas meliponíneas, que possuem ferrão atrofiado, não sendo perigosas para o ser humano. “Elas estão divididas em mais de 300 espécies espalhadas por todo o território brasileiro como a jataí, aquela com a qual estamos trabalhando aqui, mas também há a mandaçaia e a mirim. É importante saber que as abelhas são as principais responsáveis pela polinização da flora do planeta”, conta. Segundo ele, a colmeia agrega valor para a abelha, que tem melhor qualidade de vida, mas nesse projeto o elemento principal é o pedagógico. “Por meio das abelhas, suas colmeias e a tecnologia do projeto, pretendemos ensinar às crianças toda a dinâmica. O produto tem possibilidades de ter sensores de sons, temperatura e tudo mais dentro da colmeia. Ano que vem vamos integrar esses elementos de interação no celular no protótipo”, diz.

Eles usam própolis para chamar a abelha na colmeia impressa em 3D, que é formada como uma colmeia de verdade, com espaço para colocar os ovos e o lixo, além de condições para que o ar circule.

Félix Varejão falou sobre o material usado, totalmente biodegradável. “Usamos amido, que neste caso foi o de milho, mas existem outros tipos, como o de mandioca. Em 20 dias este material se dissolve na água e mesmo no meio ambiente, se estiver exposto à umidade, se dissolverá. Também não usamos reciclados porque não queremos nada derivado do petróleo”, afirma. Para o próximo ano, o objetivo é fazer com que a própria abelha revista a sua colmeia com cerume, substituindo o material impresso. Os estudos e as pesquisas de material e formatos são contínuos. Felix também explica que a ideia de envolver as escolas é usar a aproximação das crianças da vida das abelhas como uma ferramenta de conscientização e explica que já há uma parceria com a Prefeitura de Curitiba, que tem um projeto chamado Jardins de Mel e está instalando colmeias nos parques da cidade.

O projeto é voltado também ao desenvolvimento de soluções em licença aberta (Creative Commons), ou seja, passíveis de utilização livre por qualquer cidadão com acesso à fabricação digital. A iniciativa teve início em junho deste ano, em parceria com os cursos de zootecnia, biologia, engenharia florestal, e o grupo de pesquisa em Apis, Meliponíneos e outros Polinizadores.

Mais informações: http://colmeiasurbanas.blogspot.com.br

Stephania Padovani; a pequena Diana, aluna do 3º ano; Félix Varejão (segurando o protótipo da colmeia abelha); Carmynha Santos, Rosana Machado, e Angélica Varejão. 

A professora do Integral, Carmynha Santos conta que receberam o convite da professora Stephania para participar do projeto das colmeias e ficaram interessados em saber mais sobre as abelhas Jataí, abelhas já conhecidas na escola. “Eu havia pesquisado ano passado sobre como fazer uma armadilha para captação delas, mas, não deu muito certo e o projeto surgiu em uma hora muito boa para somar com o nosso aprendizado. Fico muito grata pela disponibilidade de compartilhar destas informações riquíssimas sobre o cuidado com as abelhas e que elas são essenciais para a continuidade da vida em nosso planeta”, conta a professora.