No início do mês de maio as turmas do 3º Ano visitaram o Centro Histórico de Curitiba. Foram saber mais sobre a cidade em que vivem, aprofundando o conhecimento sobre a sua história e cultura, conhecendo prédios históricos e obras de arte que representam as raízes étnicas da formação cultural curitibana.

Tudo começou nas ruínas do Alto São Francisco. Ali, alunos e alunas foram informados de que as ruínas não marcam a existência de um edifício pronto e acabado, mas de uma construção jamais concluída. É que, para agradar o então bispo de São Paulo, Dom Mateus de Abreu Pereira, o fazendeiro Manoel Gonçalves Guimarães mandou construir naquele local a Igreja de São Francisco de Paula, que jamais chegou a termo, mas cuja construção inacabada passou a ser uma referência histórica na cidade.

A construção foi iniciada na virada do século XVIII para o XIX e foi registrada em pintura assinada por Jean Baptiste Debret, que, segundo estudiosos de Arte, pode nunca ter vindo a Curitiba. A aquarela teria sido o resultado de um trabalho conjunto do famoso pintor com um de seus alunos que esteve na cidade captando algumas de suas paisagens. No entanto, não há certezas quanto a isso.

Na sede do Palácio Giuseppe Garibaldi, ícone da imigração italiana em Curitiba, os alunos e alunas conheceram a obra do engenheiro Ernesto Guaita, se admiraram com o luxo do lugar e com os belos detalhes de sua arquitetura neoclássica. O início da construção do prédio se deu em 1887, tendo as obras sido concluídas em 1904, mas sem a fachada, que só ficou pronta quase 30 anos depois e teve a assinatura do arquiteto João de Mio, o mesmo que projetou a Igreja de São Pedro, no Umbará.

Antes de ser tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná, em 1988, o prédio foi, em 1906, a sede do I Congresso Estadual do Movimento Operário Paranaense e abrigou, nesse evento a fundação da Federação Operária do Paraná. Já em 1943, nos últimos anos da Segunda Guerra Mundial, o Palácio foi desapropriado e utilizado como prédio da administração pública, tendo funcionado ali o Tribunal Regional Eleitoral. Em 1962, foi devolvido à Sociedade Garibaldi.

As crianças passaram pela Fonte da Memória, monumento assinado por Ricardo Tod e batizado pelos curitibanos como “Cavalo Babão”, pelo antigo relógio das flores e pelo palacete Wolff. No Memorial de Curitiba, local onde foi realizado um rápido lanche, os estudantes puderam admirar a bela coleção de esculturas lá reunida, o rio de pInhões, e outros símbolos da cidade representando a colonização e a formação da cultura da capital paranaense.

Na passagem pela rua de paralelepípedos margeada por construções importantes na história da cidade, informações foram sendo transmitidas aos estudantes. Diante da Igreja da Ordem e de outros edifícios antigos, as crianças ouviram atentas as explicações acerca do significado histórico de cada prédio.

Ultrapassando o famoso bebedouro do Largo, a visita foi à Casa Romário Martins, onde se deparou com uma atraente exposição que retrata, conforme define o seu nome, a “Presença Negra em Curitiba”, dando merecido realce ao protagonismo da etnia negra na formação cultural e no desenvolvimento da cidade.

“A despeito da forte identidade europeia associada a Curitiba, a importância da presença da população negra na formação e desenvolvimento da cidade é inquestionável para quem conhece ao menos um pouco de sua história. Uma das mais antigas – e mais belas – representações de Curitiba, feita em 1827 pelo pintor francês Jean Baptiste Debret, apresenta um homem negro trabalhando no Alto do São Francisco… Essa exposição, mostrando de forma contundente essa Curitiba cuja identidade está ancorada também na África, contribui para que uma identidade mais justa e mais democrática se associe à nossa cidade. Uma cidade que orgulhosamente se reconhece negra!”

Joseli Mendonça

Pintura de João Pedro, o mulato, de 1817, retratando a sinhazinha do Cairê, sendo carregada por negros em uma liteira, durante uma saída para a missa.

O passeio foi concluído na histórica Praça Tiradentes, onde também se localiza o Marco Zero da cidade, e o monolito do Pelourinho levantado por Gabriel de Lara, que representa o poder legalmente constituído do governo português e a caracterização de Curitiba como Vila, em 29 de março de 1693.

Texto: Luiz Geremias
Fotografia e edição: Gilson Camargo

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