A turma do 6º ano visitou, no início de março, o Museu Egípcio, localizado no bairro do Bacacheri, em Curitiba. A atividade foi conduzida pelo professor Sidinei José da Silva, da disciplina de História, e pelas professoras Kelly Cordeiro Munhoz Joaquim, coordenadora do Ensino Fundamental I e professora de Artes, e Maria Carolina de Almeida, que ministra Língua Portuguesa e Inglês. Alunos e alunas se encantaram com as preciosidades expostas nos museus, principalmente com a múmia de uma mulher egípcia, conhecida como Tothmea, e com a réplica da Pedra de Roseta, o objeto arqueológico que permitiu decifrar os hieróglifos egípcios.

O professor Sidinei explicou que a visita é importante para o trabalho que vem desenvolvendo em sala. Ele contou que o projeto do 6º ano é “Liberte-se” e, assim, conhecer obras de uma civilização como a do Antigo Egito ilustra o quanto a libertação do modo de vida nômade, que aconteceu no período Neolítico, foi significativa e trouxe bons frutos. “A turma estuda a transição do nomadismo para a vida em sociedade e a sociedade egípcia é um excelente exemplo das vantagens dessa passagem. Foi uma civilização muito avançada e representativa do modo de vida agrícola, quando a humanidade se libertou da necessidade de procurar incessantemente o alimento e começou a produzi-lo, se fixando e podendo se desenvolver culturalmente”, disse.

Outro ganho é usar os acontecimentos do passado para pensar os do presente. Sidinei tem estudado com a turma a formação e o desenvolvimento das civilizações e sugerido aos alunos e alunas que um dos benefícios de estudar história é aprender com a experiência dos povos que viveram antes de nós. “Trazemos questões do passado para a nossa realidade, percebemos formas de viver diferentes das nossas, falamos da importância de estudar, como faziam os antigos escribas egípcios, de como eram as religiões, assim como os fatores positivos que fizeram as civilizações crescer e os problemas que as levaram à decadência e ao desaparecimento”.

A professora Kelly vai aproveitar a visita da turma em suas aulas de Artes. “Estamos estudando o começo da evolução do ser humano e conhecer a arte egípcia é muito proveitoso”, afirmou. Maria Carolina contou que muitas crianças da turma já conheciam o museu, mas que sempre veem algo novo, que chama a atenção. “Estar aqui, neste museu, é sempre empolgante. Já tratamos da história da escrita em sala e o fato de haver aqui uma reprodução da Pedra de Roseta, é algo muito ilustrativo”.

Encanto – As alunas Laura Rispoli Penha, Betina Guimarães Gomide e Helena Menezes Marçal estavam encantadas com o acervo. De tudo o que viram, o que mais causou sensação foi a múmia Tothmea e outra, andina, a de Wanra, uma criança. “Foi muito legal ver essas múmias, muito interessante, porque são muito antigas”, disse Laura, com a aprovação das colegas. Vivian Tedardi, supervisora cultural do museu, guiou a turma e ficou bem impressionada. “As crianças mostraram muito interesse e fizeram relação com o que já sabiam”.

O Museu

O Museu Egípcio tem um fantástico acervo de objetos relacionados ao Antigo Egito e é mantido pela Ordem Rosacruz. Foi fundado em 1990 e é um dos poucos locais nos quais se pode ter contato com a história dessa civilização. A maior parte das peças expostas são réplicas fieis de objetos originais que estão expostos em museus europeus, norte-americanos e egípcios, como é o caso da Pedra de Roseta, que está no Museu Britânico, em Londres.

A peça original mais importante do museu, com aproximadamente 2600 anos, é a múmia de uma mulher chamada Tothmea, mas cujo nome real é desconhecido. Antes de vê-la, os visitantes assistem a um interessante vídeo que fornece informações sobre a egípcia que viveu provavelmente no final do Terceiro Período Intermediário (1070 – 712 a. C.) ou no início do Período Tardio (c. 712 – 332 a. C.) – entre os séculos VI ou VII a. C.. Além das informações, pode-se ver uma projeção de como seria a face de Tothmea.

O professor Sidinei José da Silva refletido na réplica da histórica Pedra de Roseta, tendo ao fundo o retrato de Jean-François Champollion, que primeiro conseguiu decifrar o funcionamento de seus hieroglifos.

A Pedra de Roseta foi encontrada em El-Rashid, no delta do rio Nilo, em 1799, pela expediççao napoleônica ao Egito, chefiada por Pierre Bouchard. Trata-se de parte de uma estela egípcia feita em granodiorito com a face polida. A inscrição contida na Pedra de Roseta é um decreto egípcio aprovado por um conselho de sacerdotes, com informações do reinado do faraó Ptolomeu V quando do aniversário de sua coroação. As inscrições estão divididas em três blocos de texto, sendo 14 linhas em hieróglifos, 32 linhas em demótico e 53 linhas em grego.

O mesmo texto em três escritas diferentes permitiu, por meio de comparação e estudo aprofundado, a compreensão do sistema de escrita egípcia. Várias cópias litografadas da Pedra circularam entre intelectuais europeus na tentativa de dar cabo ao trabalho de decifração, porém, apenas em 1822, Jean-François Champollion conseguiu apresentar os resultados de seu estudo e explicar o funcionamento dos hieróglifos.

Ainda que tenha sido encontrada e decifrada pelos franceses, a Estela de Roseta está em poder dos britânicos desde 1801 por conta de sua vitória na disputa contra os franceses em território egípcio.

Estátua do faraó Amenhotep IV – Akhenaton. Proveniência: Templo de Athon em Karnak – Egito. Período: Novo Reino – XVIII Dinastia – 1550 a.C. a 1307 d.C.

Amenhotep IV transferiu a sua capital de Tebas para Amarna, trocou seu nome para Akhenaton e mudou o culto politeísta pelo monoteísta a partir do 5° ano de reinado – um período conhecido como “amarniano”. Esta estátua, entretanto, é anterior a reforma de Amarna e está inacabada. O faraó utiliza os símbolos do poder comuns aos antepassados. Este tipo de estatuária era colocada na frente dos pilonos dos templos e, também, em frente ou entre colunas. Possui aspecto asiriano, já que o faraó é representado na posição desse deus, ou seja, mumificado com as insígnias reais, como os cetros.

Maquete do planalto e pirâmides de Gizé

Para os egípcios antigos a pirâmide representava os raios do Sol, brilhando em direção a Terra. Todas as pirâmides do Egito foram construídas na margem oeste do Nilo, na direção do sol poente. Os egípcios acreditavam que, enterrando seu rei numa pirâmide, ele se elevaria e se juntaria às estrelas, tomando o seu lugar de direito com os deuses. Estas três pirâmides foram construídas como tumbas reais para os reis Khufu (Quéops), Kafrá (Quéfren), e Menkaura (Miquerinos). A maior delas, com 146,6 m. de altura é chamada Grande Pirâmide, e foi construída entre 2551 a 2558 a.C. para Khufu no auge do antigo reinado do Egito. Este complexo de monumentos antigos, situado no planalto de Gizé, inclui as três pirâmides, várias mastabas e uma vila operária.

Estátua de um escriba desconhecido. Proveniência: Saqqara – Egito. Período: Reino Antigo – V Dinastia – 2575 – 2134 a.C. 

Na estrutura da sociedade egípcia a figura do escriba era muito importante, pois era o responsável pela administração, coleta de impostos e, em suma, toda elaboração de textos. “Escriba” não era propriamente uma profissão, mas, sim um título. Assim, temos diversos funcionários, sacerdotes e artesãos com esta titulação. O presente escriba, representado nesta escultura de pedra calcária pintada, é um personagem cujo nome não foi registrado. A postura, com as duas pernas cruzadas, braços apoiados sobre o saiote e mão esquerda a desenrolar um papiro, demonstra o exercício do seu ofício.

Modelo de uma caixa e ferramentas de marcenaria. Proveniência: Tumba de Ankhef, Ssyut, Egito. Período: Reino Médio, XII Dinastia, 2040-1640 a.C.

Este modelo de caixa de ferramentas com instrumentos de marcenaria em miniatura foi encontrado na tumba de um homem chamado Ankhef. A caixa feita de madeira estucada e pintada em branco, contém uma inscrição hieroglífica que apresenta o nome do proprietário, bem como uma lista em hierático que menciona os tipos de ferramentas: machado, enxó, formão e um instrumento com uma lâmina afiada que servia para corte.

Estátua do casal sacerdotal Tenti e Imeretef. Proveniência desconhecida. Período: Reino Antigo – V Dinastia – 2465-2323 a.C.

Seguindo as convenções artísticas do Reino Antigo a escultura de Tenti, um sacerdote funerário cujo titulo na base identifica-o como “servo de Ka”, e sua esposa Imeretef, é um exemplo tipico da arte desse período. Uma característica desta arte é a jovialidade das figuras, pois se acreditava que, uma vez assim representado, o indivíduo teria esta aparência por toda a eternidade. Essas estátuas eram, geralmente, colocadas nas tumbas dos proprietários para que pudessem receber seu Ka (energia vital).