Pedro Fortes é doutor em Antropologia, professor universitário e consultor de impactos ambientais relacionados a terras indígenas e quilombolas. Pai do Francisco, do 3º ano, ele foi à turma de seu filho para proporcionar às crianças uma aproximação da cultura indígena, notadamente no Paraná, na região de Curitiba e litoral. Para isso, levou artefatos dessa cultura e respondeu questões acerca das formas de vida de cada etnia.
A aula começou com uma definição do objeto de estudo da antropologia. “O antropólogo estuda os seres humanos, como se organizam”, explicou Pedro. Em seguida, alunos e alunas se concentraram em falar o que pensam quando ouvem falar em indígenas e o tema da diversidade entrou em pauta. Cada etnia tem suas particularidades culturais e, no plano linguístico, isso fica bem marcado. “São 309 etnias, com 309 línguas diferentes, no entanto, costumamos chamar a todos simplesmente de ‘índios’!”.
Pedro contou que povos indígenas moravam onde foi erguida a cidade de Curitiba, mas tiveram que deixar o local. “Com a chegada dos colonizadores, aqui se tornou um campo de caça de indígenas, que eram levados para o mercado em São Paulo”. Para exemplificar o conflito, ele disse que há duas versões para o nome da cidade: em guarani, seria “muito pinhão” e na língua kaingang, “vamos embora”. Os povos guarani e kaingang eram os que habitavam a região.
Cultura indígena: diversidade na língua, costumes e crenças
As crianças assistiram a um filme, falaram palavras nas línguas desses povos e foram apresentadas ao milho crioulo “o milho autêntico”, segundo o antropólogo. Conheceram coisas utilizadas por eles no cotidiano, como um cocar, um arco e flecha para crianças e outro utilizado na caça pelos adultos, além de cestas, pulseiras e colares. Também tiveram a oportunidade de tocar e observar de perto esculturas, ouvindo explicações acerca de como foram feitas, da utilidade e do simbolismo cultural contido nelas. Uma, de uma onça em pé, trazia referências à crença de que as onças são “gente fantasiada de onça”.
A aula integra as pesquisas que a turma desenvolve com a professora Liz Volino, sobre a formação da população de Curitiba, ressaltando a participação dos povos originários. Há, ainda, a perspectiva da turma visitar uma aldeia guarani, aprofundando seus conhecimentos.
Fotos: Gilson Camargo