A primeira Mostra de Projetos do ano apresentou uma harmônica distribuição dos resultados das pesquisas realizadas no trimestre. Cada tema tinha seu espaço próprio, mas estabelecia relações com o entorno. Assim, o conjunto chamou a atenção tanto quanto o específico. Tudo parecia exposto e organizado não apenas para informar os visitantes acerca do desenvolvimento dos estudos nas turmas, mas também para encantar.
Kelly Cordeiro Munhoz Joaquim, coordenadora do Fundamental I e professora de Artes, destacou itens das exposições de diversas turmas, do Infantil ao Fundamental II, mas considerou o todo particularmente interessante. No geral, segundo ela, a Mostra de Projetos exibiu temáticas científicas e culturais, sempre com elementos belos e expressivos. “Não é especificamente uma mostra de artes, mas tudo tem um quê de estético, o conjunto está cuidadosamente articulado”.
Orgulho de mostrar a evolução do aprendizado
Breno Beirão é pai da aluna Olívia Trentin, do 1º ano X, da professora Solange Maria Jankowski Palmeiro, a Xuxa. Ele também gostou do senso estético da Mostra de Projetos, mas falou da importância desse evento para familiares e crianças. “É uma iniciativa muito legal para os pais, porque temos a oportunidade de conhecer o que os nossos filhos estão fazendo e, às vezes, a gente se surpreende porque não sabíamos que eles estão tão avançados. Podemos ver a evolução deles”.
O sentimento demonstrado pelos alunos e alunas ao exibir aos pais as pesquisas realizadas e os conhecimentos adquiridos foi destacado por Breno. “Eles ficam muito orgulhosos de mostrar o que estudaram e pesquisaram. Têm vontade de que isso seja visto e se sentem valorizados por nós virmos até aqui ver o trabalho que estão fazendo. Todos, pais e crianças, ficam felizes”.
Sinergias da mostra de projetos
A maior parte dos trabalhos expostos convidava à percepção visual, como nos desenhos, pinturas e colagens. Mas, havia elementos sinérgicos que chamavam a atenção. O canto do João de Barro, em instalação criada pelo 1º ano da professora Kátia Bassetti, foi uma das atrações mais comentadas. Os pequenos pássaros feitos pela turma e dispostos nos galhos de uma árvore, encantavam os visitantes. O belo som do canto vinha de uma quase imperceptível fonte sonora, posta próxima à instalação.
A turma do 6º ano, na exposição “Tipos de Espaços Existentes no Mundo”, proporcionou uma experiência singular. Combinando o visual e o auditivo, com o uso de laptops com imagens e deliciosos sons naturais, acrescentaram ainda elementos táteis, como terra, pedras e gelo, com seus aromas característicos, propondo a sincronia dos sentidos. “Só a visão não nos dá a compreensão completa de determinado local. Utilizando apenas a visão, seria como olhar uma foto, sem cheiro, paladar, som ou tato. Toque, ouça, veja e sinta”, dizia a apresentação da turma.
As alunas e alunos do 7º ano criaram garrafinhas que continham, em seu interior, deliciosos aromas naturais e, atados a elas, papéis que continham a expressão de sentimentos e pensamentos, em versos e palavras variadas. Na área externa, as crianças da Educação Infantil expunham trabalhos que combinavam sensações táteis e visuais.
Das praias cariocas à neve londrina
Para além da sinergia de sentidos, houve, também, a combinação e o contraste de temas. Os alunos das turmas do 2º ano, das professoras Carla Beatriz Jochims Gonçalves, Francesca Tockus, e Isabela Marçal Menezes, se dedicaram a levantar informações para conhecer cidades como o Rio de Janeiro e Londres. Em pinturas e colagens, trabalhando a perspectiva da 3ª dimensão, o Morro do Corcovado e a praia de Copacabana foram retratados, bem como a comunidade da Rocinha, representada em uma bela maquete.
Do calor carioca para o frio londrino, a atração foi a neve e cada aluno montou uma imagem sua brincando entre os flocos, utilizando a técnica da colagem. Também houve referências culturais, como ao tradicional ônibus vermelho de dois andares. Tudo isso registrado em cartões, que funcionaram como registros do que foi pesquisado sobre cada lugar. “Tudo o que a gente aprendeu está aqui, o que mais marcou nas ‘viagens’, a fauna, a flora. As turmas se aprofundaram bastante no projeto”, explicou Carla.
Sandra Cornelsen lançou livro durante a mostra de projetos
Um acontecimento muito especial da Mostra de Projetos foi o lançamento do livro “O Autismo acolhido pela Psicomotricidade relacional”, escrito pela fundadora e diretora pedagógica da Terra Firme, Sandra Cornelsen. Foram vendidos muitos exemplares, todos com dedicatória. “Um sucesso absoluto. E a gente quase não divulgou, estou muito feliz”, declarou a autora.
Macylene Quirino é estudante de pedagogia e ficou sabendo do lançamento do livro pelo site do CIAR (Centro Internacional de Análise Relacional). Foi comprá-lo, conhecer Sandra e a Escola Terra Firme. Sobre a mostra, se disse bem impressionada com a interdisciplinaridade. “Os temas e os projetos se interligam. É um misto de emoções olhar as imagens das atividades das crianças”.
O livro trata da experiência da autora com um menino com espectro autista, utilizando a psicomotricidade relacional. Aborda temas como o acolhimento das diferenças e o desafio que envolve a tarefa de desenvolver uma relação de afeto e crescimento com crianças com essa característica. “É acreditar na criança, acreditar que toda criança é capaz, em qualquer tempo, de qualquer maneira. É capaz de crescer”, define Sandra.
No próximo sábado, dia 28 de maio, a autora estará, a partir das 17h, autografando exemplares do livro no CIAR (Av. Sete de Setembro, 4476, sobreloja).