Na visita ao Museu Paranaense, várias relações entre o passado e o presente puderam ser feitas pelas crianças, que perceberam as sensíveis diferenças que existem entre a vida de antigamente e a de nossos dias, refletindo sobre isso com suas famílias.
Os alunos do 3º ano da Escola Terra Firme visitaram na última quarta-feira o Museu Paranaense. Eles foram conhecer mais sobre a história de Curitiba e refletir sobre as mudanças que ocorrem com o passar do tempo.
O projeto das turmas é homônimo ao Eixo Temático: “Ética, Espelho Coletivo” e a proposta é a formação de cidadãos críticos e pensantes, utilizando a história para compreender as relações entre o passado e o presente.
Maquete da cidade de Curitiba em 1886.
Segundo a professora Liz Volino, neste bimestre os alunos aprenderam sobre os fatos históricos e o tempo na cidade de Curitiba. “É preciso refletir sobre como a história passa, quais são as consequências dos atos e mostrar que do mesmo modo que o espelho nos mostra os objetos à nossa volta, o passado também nos mostra as mudanças que se refletem no futuro”. Ela explica ainda que as crianças observaram várias diferenças entre o passado e o presente, como a do transporte, antes feitos com carros movidos por tração animal, e também perceberam as diferentes construções características dos diversos tempos históricos.
O passado como referência
A história da família conta um pouco de cada um e também da sociedade que vivemos. Os alunos entrevistaram um parente mais velho, que contou como foi ser criança num outro contexto histórico. Segundo a professora Liz, as diferenças mais significativas estão relacionadas à tecnologia, às responsabilidades e as formas de brincar. “Antigamente os irmãos mais velhos cuidavam dos mais novos, ajudavam em casa, brincavam na rua e não havia tecnologia. Muita coisa mudou e isso afeta a forma como nos comportamos dentro da família, pois antigamente era um rádio para toda a família escutar junta, hoje cada um fica isolado com a sua mídia”, diz.
O Palácio São Francisco, sede do Museu Paranaense desde 19 de dezembro de 2002, é um edifício histórico tombado pelo Patrimônio Cultural do Estado do Paraná em 1987.
A edificação foi erguida como residência de Júlio Garmatter, próspero empresário do ramo frigorífico, que em meados da década de 1920, em viagem a Alemanha, se encantou por uma mansão situada na cidade de Wiesbaden. Após adquirir a planta da mansão e comprar o terreno no Alto São Francisco, iniciou a construção de sua residência em 1928, entregando a responsabilidade técnica para o engenheiro Eduardo Fernando Chaves.
Link para a publicação Personagens da História do Paraná, com imagens do acervo do Museu Paranaense.
Machado Guarani com lâmina de pedra lascada que participou da Exposição Antropológica Brasileira de 1882. Publicação de Romário Martins sobre acervo do Museu Paranaense, de 1925.
Móveis do período colonial e relíquias sacras (incluindo a imagem de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais trazida à cidade pelos primeiros colonizadores no século XVII); confessionário em madeira do século XVIII; e busto de Celso Itiberê da Cunha, cônego honorário da Catedral Metropolitana de Curitiba, que após sua morte teve seu nome homenageado na Rua Monsenhor Celso, no centro da capital.
Instrumentos de tortura usados no século XIX na América escravocrata: Correntes com gargalheira, empregadas na condução de escravos; viramundo, instrumento que prendia pés e mãos; algemas para pés e tronco de madeira usado para a contenção do escravo.
Catre que pertenceu a Onistarda do Rosário, mantida em cativeiro durante 13 anos por seu esposo, José Felix da Silva, na Fazenda Fortaleza, em Tibagi; e tela de Theodoro de Bona intitulada “guardamento do sargento mór José Felix”.
Vestuário militar, réplicas e artilharia original de batalhas acontecidas em solo paranaense, como a Revolução Federalista em 1894, e a Guerra do Contestado entre 1912 e 1916.
Os soldados maragatos foram acusados de roubar uma coleção de moedas do Museu Paranaense. A título de ressarcimento, o então general Gumercindo Saraiva doou esta espada ao acervo do museu.
Em 1850, o cruzador inglês Cormorant fiscalizava o litoral brasileiro, apreendendo navios negreiros. Perseguindo embarcações aportou em Paranaguá, aprisionando quatro delas para, posteriormente, destruí-las em alto mar.
Alguns moradores da cidade, revoltados, deslocaram-se à Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres – fortificação em alvenaria de pedra e cal construída na Ilha do Mel entre 1767 e 1769 para proteger a entrada da baía -, atingindo com disparos de canhão o Cormorant e os navios apreendidos. Este incidente fez com que o governo brasileiro aprovasse a lei Euzébio de Queiroz, que aplicava pesadas sanções a traficantes de escravos.
Retrato do imperador D. Pedro II aos 28 anos, trajando uniforme de almirante com as Ordens Imperiais Brasileiras. Este quadro foi obtido como prêmio pela Província do Paraná em 1872, por ter sido a que mais se destacou na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, comemorativa dos 50 anos da independência do Brasil. Óleo sobre tela de João Maximiniano Mafra, de 1854.
Retrato de Zacarias de Góis e Vasconcelos, (1815-1877). Doutor em Direito, professor, senador, foi o primeiro presidente nomeado da Província do Paraná, em 1853. Óleo sobre tela de Maria Amélia D’Assumpção, de 1941.
Obras da iconografia fundamental do estado do Paraná e algumas das primeiras pinturas retratando a cidade de Curitiba fazem parte do acervo do museu; telas de Hugo Calgan, Joseph Keller, John Henry Elliot, Raimundo Jaskulski Junior, dentre outros; além de objetos de uso cotidiano e mobiliário urbano de época.
Exposição de pinturas de Daniel Conrade, retratando indígenas paranaenses contemporâneos, e artefatos Mbya Guarani da Terra Indígena Kuaray Guata Porâ, em Guaraqueçaba/PR. Os vicho ra’anga, ou imagens de bichos no dialeto Mbya Guarani, são esculturas de diversos animais confeccionadas em madeira caixeta.
Idealizado por Agostinho Ermelino de Leão e José Candido Murici, o Museu Paranaense foi inaugurado no dia 25 de setembro de 1876, no Largo da Fonte, hoje Praça Zacarias, em Curitiba. Com um acervo de 600 peças, entre objetos, artefatos indígenas, moedas, pedras, insetos, pássaros e borboletas, era então, o primeiro no Paraná e o terceiro no Brasil.
Atualmente o Museu Paranaense desenvolve estudos nas áreas da Arqueologia, Antropologia e História – http://www.museuparanaense.pr.gov.br/
Busto e placa em homenagem a Claudino Ferreira dos Santos, advogado, jornalista, poeta, autor de obras teatrais. Fundador do Colégio Paranaense, diretor de Instrução Pública do Paraná, secretário de Estado, juiz em Morretes e prefeito municipal de Curitiba; na Praça João Cândido, em frente ao Museu Paranaense.
Texto e fotos: Gilson Camargo